"Eu vou esta noite pedir novamente - ainda que honestamente comece a achar que não o devo fazer - vou pedir novamente ao doutor Luís Montenegro uma reunião à hora que ele quiser, onde quiser, na sede do PSD, na sede do Chega, para que até ao meio-dia de amanhã haja um entendimento à direita e não à esquerda para vencermos a candidatura de Francisco Assis", afirmou.
O líder do Chega falava aos jornalistas depois de o parlamento ter falhado por três vezes a eleição de um presidente da Assembleia da República e indicou não ter falado com Luís Montenegro durante o dia de terça-feira.
"Nós estamos a dizer ao PSD que é o momento de perceber que nós temos a capacidade de uma convergência à direita que derrote o Partido Socialista. Se não o fizermos, seremos responsáveis os dois por esta convergência não ter acontecido", defendeu.
O presidente do Chega quer que os dois partidos cheguem a acordo sobre o nome e que seja uma "proposta conjunta à direita".
André Ventura acusou o PSD de ter uma "atitude de arrogância permanente em relação a esta matéria".
"Já se percebeu que quer o PS, quer o PSD, estão balcanizados em duas situações, e nós entendemos que isto é de fácil resolução, é haver um entendimento sobre um candidato", defendeu.
Ventura admitiu que o Chega pode avançar com outro nome caso os dois partidos não cheguem a esse entendimento que pede e recusou que esta tenha sido uma demonstração de força por parte do seu partido, mas sim "de humildade de quem pede para respeitarem um milhão e 200 mil portugueses".
"Mas faz sentido continuar este rol interminável de eleições porque alguém não quer ceder aquilo que em democracia é o mais óbvio, que é todos sabermos respeitar os votos uns dos outros? Todos chegarmos a um entendimento de juntos podermos derrotar o PS quando isso está mesmo à nossa frente, quando a matemática está a nosso favor? Vamos dar oportunidade ao PS de continuar a dizer que a direita está numa bagunça tremenda?", desafiou.
André Ventura voltou a rejeitar responsabilidades do Chega neste impasse, dizendo estar a manifestar-se "disponível para o desbloquear" e que agora está nas mãos do PSD.
E disse que o entendimento que anunciou na segunda-feira e que previa que o PSD viabilizaria os candidatos do Chega para a mesa do parlamento e o Chega apoiasse também os nomes dos sociais-democratas, foi conseguido via um telefonema.
"Não houve uma reunião, o PSD nem se dignou sequer a ter a preocupação de falar com o Chega, de se encontrar com o Chega e dizer vamos propor isto", lamentou.
Os deputados Francisco Assis e José Pedro Aguiar-Branco falharam novamente a eleição para presidente da Assembleia da República, já que nenhum obteve a necessária maioria absoluta.
O socialista Francisco Assis obteve 90 votos, o social-democrata Aguiar-Branco 88 e registaram-se 52 votos brancos, na terceira tentativa falhada de eleger o próximo presidente da Assembleia da República.
O parlamento vai voltar a reunir-se esta quarta-feira às 12:00 para uma nova votação para o cargo de presidente da Assembleia da República, após três tentativas falhadas, podendo ser apresentadas candidaturas até às 11:00.
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