"O Governo espanhol decidiu construir um armazém de resíduos nucleares, ignorando completamente Governo e população portugueses. A central está em funcionamento a escassos 100 quilómetros da fronteira e o sistema de arrefecimento é feito através de águas do rio Tejo. São evidentes os impactos transfronteiriços de um projeto daquela natureza", disse Heloísa Apolónia.
Em declaração política na Assembleia da República, a deputada ecologista condenou o facto de não terem sido "observadas as normas relativas aos projetos transfronteiriços" referiu ter entregado às diversas bancadas um texto inicial sobre o assunto para possíveis contribuições.
"O Governo [português] não foi tido nem achado nesta matéria, numa atitude profundamente indecente do Governo espanhol para com Portugal", lamentou, recordando que a central nuclear em causa "entrou em funcionamento em 1981, o seu segundo reator em 1983, depois de construída nos anos 1970", sendo "a mais antiga de Espanha" e com prazo expirado desde 2010.
Segundo Heloísa Apolónia, Espanha "tem prolongado o seu período de funcionamento até 2020 e pode vir a ser alargado - diz-se - por mais 20 anos" e o recente anúncio de construção de um novo armazém de resíduos no local denuncia a intenção de estender a laboração daquela unidade.
"É importante uma voz em uníssono, um texto conjunto de condenação, unânime, desta decisão do Governo espanhol, em defesa dos direitos dos portugueses ao ambiente", defendeu.
O deputado do CDS-PP Álvaro Castelo Branco, que vincou que o seu partido já questionou o Ministro do Ambiente e o dos Negócios Estrangeiros sobre que diligências estão em curso, e a parlamentar comunista Paula Santos assumiram claramente o voto favorável, desde logo, à proposta ecologista.
O tribuno do BE Pedro Soares concordou tratar-se de "um assunto da maior importância, que se prende com a segurança do país, populações e territórios" e anunciou um projeto de resolução para a criação de um plano de emergência em caso de incidentes em Almaraz.
"É uma preocupação transversal, mas não posso concordar observações de indiferença do Governo e, em particular, do Ministro do Ambiente relativamente ao problema", referiu a deputada socialista Maria da Luz Rosinha, perante algumas críticas de Heloísa Apolónia à falta de ação anterior do governante José Matos Fernandes.
A deputada social-democrata Berta Cabral disse que o assunto é "uma séria ameaça e preocupação grande" e questionou "Os Verdes" sobre o facto de já existir uma resolução no sentido de Portugal exigir o encerramento da central nuclear de Almaraz e ainda não ter sido cumpria pelo Governo socialista que o PEV apoia.
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