William Lai Ching-te, que falava a jornalistas estrangeiros em Taipé, frisou que a China “procura interferir nas eleições com todo o tipo de táticas”.

Se tiver sucesso, “será um enfraquecimento da democracia de Taiwan”, alertou, citado pela agência Associated Press (AP).

As declarações foram produzidas depois da China ter anunciado na segunda-feira que irá suspender as importações de manga de Taiwan, alegando que as autoridades tinham detetado pragas na fruta.

Lai sublinhou que Pequim está envolvida em “práticas comerciais injustas” contra os produtos agrícolas taiwaneses, num “potencial esforço para minar as próximas eleições”.

As eleições presidenciais de Taiwan estão agendadas para janeiro de 2024.

No fim de semana, Pequim realizou manobras militares em torno de Taiwan.

A China reivindica a soberania sobre Taiwan, que considera uma província rebelde desde 1949, quando os nacionalistas do Kuomintang se refugiaram na ilha, depois de perder a guerra civil contra os comunistas.

Nos últimos anos, a China tem enviado caças e navios de guerra para perto do território com frequência quase diária e em abril o Exército chinês realizou quatro dias de intensos exercícios militares em torno de Taiwan, que incluíram a simulação de um bloqueio à ilha.

A liderança política da China vê Lai e a atual líder de Taiwan, Tsai Ing-wen, como separatistas e recusa-se a falar com estes.

O Departamento de Estado dos EUA apelou no sábado à China “para cessar a sua pressão militar, diplomática e económica contra Taiwan e, em vez disso, iniciar um diálogo significativo com Taiwan”.

Embora os EUA não mantenham laços oficiais com Taiwan, é o seu maior fornecedor de armas, sendo que a lei norte-americana exige que os EUA tratem todas as ameaças à ilha como questões de “grave preocupação”.

Como candidato do Partido Democrático Progressista, no poder, Lai lidera na maioria das sondagens sobre os seus concorrentes, Ko Wen-je, do Partido Popular de Taiwan, com tendência para a independência, e Hou Yu-ih, do partido Nacionalista, ou Kuomintang, mais próximo da China.

Embora Lai não se descreve como alguém que procura a independência da China, o governante afirma que Taiwan já é um país independente.

A China criticou recentemente Lai por utilizar a retórica da “independência de Taiwan”.

Pequim prometeu na semana passada “medidas firmes” contra a passagem do vice-presidente taiwanês pelos Estados Unidos, porque entender esta visita como um ataque às suas reivindicações de soberania sobre Taiwan.

Acusou ainda Lai de utilizar as escalas nos EUA para vender os interesses taiwaneses à procura de ganhos eleitorais.