De acordo com fonte do Comando Metropolitano da PSP de Lisboa, em declarações à Lusa, depois de terem estado reunidas no Terreiro do Paço, para onde estava marcada a vigília, pelas 16:45 “cerca de três mil pessoas” começaram a dirigir-se para o Rossio, iniciando depois a partir daí uma marcha até ao Marquês de Pombal.

A PSP, que “acompanhou sempre a marcha”, acabou por optar por cortar ao trânsito as faixas centrais da Avenida da Liberdade.

A marcha, que “decorreu sem incidentes”, chegou ao Marquês de Pombal pelas 17:30. Alguns minutos depois, os cerca de três mil manifestantes fizeram o mesmo percurso em sentido contrário, em direção ao Rossio.

Ainda segundo a mesma fonte, pelas 18:30 a circulação de trânsito na Avenida da Liberdade já tinha sido reposta e os manifestantes começaram a desmobilizar.

Hoje, estavam marcadas várias vigílias de homenagem ao estudante cabo-verdiano Luís Giovani, que morreu a 31 de dezembro no hospital de Santo António, no Porto, dez dias depois de ter sido vítima de uma agressão em Bragança, onde estudava.

Além de Lisboa, estavam marcadas vigílias em Bragança, Coimbra, Porto, Covilhã, Guarda, Praia (Cabo Verde), Londres, Paris e no Luxemburgo.

Pouco depois da hora marcada para o início da vigília em Lisboa (15:00), centenas de pessoas juntaram-se no Terreiro do Paço, muitas vestindo 't-shirts' brancas com a fotografia do jovem e segurando panfletos onde podia ler-se #justiçaparaogiovani.

Os participantes começaram a juntar-se frente à estátua de D. José I onde estiveram em silêncio, formando primeiro um círculo que no seu interior tinha velas e flores brancas.

No Terreiro do Paço, onde eram visíveis muitas bandeiras de Cabo Verde, reuniram-se pessoas de todas as idades, que respeitaram o silêncio pedido pelos organizadores, empunhando cartazes exigindo justiça.

Na estátua de D. José I foi colocada uma tarja onde se lia: “Contra o Racismo do Estado, Punição dos Crimes Racistas”.

À Lusa, José Pereira, que pertence aos movimentos Consciência Negra e Em Luta, explicou a necessidade de, “acima de tudo e em primeiro lugar o Estado português esclarecer o que se passou”.

“O Estado tem o dever de esclarecer”, disse José Pereira avançando haver um “duplo padrão de comportamento do Estado quanto à prática deste tipo de crimes”.

José Pereira denunciou também que as autoridades “agridem e brutalizam” quando vão aos bairros onde vivem pessoas “racializadas, negros, emigrantes e ciganos”, acrescentando que “agem de forma diferente quando se tratam de não brancos”.

“Tire o seu racismo do caminho” ou “Nu kre justiça” [Queremos justiça, em crioulo], eram outros dos cartazes empunhados pelas pessoas, entre alguns balões brancos e pretos espalhados pela praça.

“Esta marcha tem por intuito demonstrar a indignação perante a violência que vitimou o nosso colega, solidariedade e homenagem a Luís Giovani”, lia-se na mensagem que acompanhou a convocatória para a vigília marcada para o Terreiro do Paço, em Lisboa, que foi organizada pelos Caloiros de Cabo Verde, colegas do jovem, e difundida através da rede social Facebook.