As autoridades líbias pediram à população que não saia de casa, devido aos fortes combates com armas pesadas que se estão a espalhar em bairros residenciais entre grupos armados, em apoio a cada um dos governos paralelos que escolhem o poder na Líbia.
Os confrontos entre as forças de Haitham Tajouri, que apoiam o executivo de Fathi Bashagha – sedeado em Sirte -, e as de Imad Trabelsi, em defesa do chefe do Governo de Unidade Nacional (GUN), Abdulhamid Dbeiba – radicado em Tripoli -, desencadeou um novo episódio violento na noite passada, que incluiu os disparos de projéteis em áreas povoadas.
Fontes médicas anunciaram a morte do comediante líbio Mustafa Baraka, conhecido nas redes sociais, como resultado de confrontos durante uma transmissão ao vivo.
O porta-voz da emergência, Osama Ali, confirmou à Efe que várias áreas continuam sitiadas, como Bab Bin Ghashir, o que impede o acesso aos serviços médicos, que ativaram “alerta máximo” em todos os seus centros na capital e arredores.
O presidente da cidade, Ibrahim Al Shibl, denunciou uma situação “trágica” em vários bairros – especialmente em Bab Bin Ghashir, Jamhouria, Zawiya e Nasir, epicentros dos combates desta manhã – enquanto o Serviço de Ambulâncias e Emergências da Líbia pediu uma trégua para abrir corredores seguros na capital, refere a Europa Press.
Num comunicado divulgado pelo portal do Observador da Líbia, o Governo de Unidade Nacional lamentou todos os combates e confirmou o “fracasso das negociações de paz” com o governo paralelo de Bashaga depois de acusar este último de “optar pela violência”.
De igual modo, o governo de unidade líbio alertou para o aparecimento de “concentrações militares” desde a zona costeira a leste de Trípoli “para desestabilizar a segurança da cidade, numa tentativa miserável de ampliar o círculo de agressão contra a capital”.
Fontes do Líbia Observer precisaram que seriam milícias ligadas a Bashaga que avançaram desde a região de Warshafana e que agora estão envolvidas em novos combates contra as forças do governo de unidade em Janzour, no oeste da cidade.
Desde a designação, em fevereiro, pelo parlamento localizado na região este, que Bachagha tenta, sem sucesso, entrar em Tripoli, para estabelecer a sua autoridade, ameaçando ultimamente usar a força para o conseguir.
Ignora-se se os novos combates se enquadram numa tentativa deste ex-ministro do Interior para tomar o poder em Tripoli.
Bachagha é apoiado pelo poderoso marechal Khalifa Haftar, homem forte no este líbio, cujas forças tentaram conquistar a capital em 2019.
Dbeibah, por seu lado, anunciou que apenas entregará o poder a um Governo eleito.
As tensões entre grupos armados fiéis a um e a outro dirigente exacerbaram-se nos últimos meses em Tripoli. Em 22 de julho, os combates causaram 16 mortos e cerca de 50 feridos.
Na terça-feira, a ONU manifestou-se “profundamente preocupada” com as “mobilizações militares” e apelou para o apaziguamento imediato.
O Governo no poder em Tripoli foi formado no início de 2020, num processo acompanhado pela ONU, com a missão principal de organizar eleições em dezembro passado, mas que têm sido consecutivamente adiadas devido às fortes divergências.
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