O avião que vai fazer o repatriamento de cidadãos europeus desde Wuhan, saiu às 10:00 do aeroporto de Beja em direção a uma das pistas da base aérea n.° 11, de onde descolou às 10:06.
Esta operação atraiu dezenas de curiosos às imediações do aeroporto de Beja para assitirem à partida do avião que vai tirar 350 pessoas de Wuhan, cidade chinesa onde surgiu o coronavírus, que já matou 170 pessoas.
Entre os curiosos, estava Alexandre Gonçalves, de 34 anos, do Algarve, que estava de passagem e aproveitou para assistir à partida do avião.
“Vi numa notícia que o avião A380 ia partir hoje [do aeroporto de Beja] para resgatar portugueses que estão na China e achei interessante vir [assistir à partida]”, contou à Lusa.
Alexandre disse que “ainda não tinha visto o aeroporto de Beja” e achou que a partida de hoje do A380 “era uma oportunidade interessante para o ver” e também considerou “interessante e importante” ser uma companhia portuguesa a participar numa missão de resgate de europeus da China.
Francisco Catalão, de 59 anos, a viver em Beja há 32 anos, também se deslocou hoje de propósito ao aeroporto porque teve “curiosidade” para assistir à partida do avião.
“É uma situação importante para todos e de interesse mundial”, disse, frisando que “o aeroporto de Beja está a ter um papel importante e relevante para a realização desta missão”.
Antes da partida, o comandante do voo explicou o que está a ser feito. “Está tudo preparado para a missão. Estamos prontos para ir e trazer as pessoas, portugueses incluídos”, disse o comandante da companhia aérea portuguesa Hi Fly aos jornalistas no aeroporto de Beja.
Antonios Efthymiou explicou que o voo parte hoje para Paris, França, e na sexta-feira viaja para Hanói, no Vietname, e depois seguirá para a China.
“Depois disso, o avião ou volta para aqui [Beja] ou faz outra missão, depende”, disse.
O comandante da Hi Fly indicou que deverão ser repatriadas 350 pessoas, incluindo cidadãos portugueses.
Fonte europeia disse à agência Lusa, na quarta-feira, que 17 cidadãos portugueses que estão na China – quase todos em Wuhan, na província de Hubei -, já pediram para deixar o país.
Questionado sobre se a tripulação teve algum treino específico por causa do vírus, o comandante esclareceu que têm estado em contacto com o departamento médico da companhia e tiveram uma preparação especial nas instalações da empresa em Lisboa.
“Todas as precauções foram impostas pelas autoridades de aviação asiáticas. (…) Estamos prontos para partir. É uma missão humanitária e temos orgulho em trazer as pessoas de volta. Podia ser a nossa família”, sublinhou.
Quando questionado sobre se tem receio de fazer a missão, Antonios Efthymiou negou e disse “estar contente por fazer este voo e trazer as pessoas”.
O avião partiu rumo a França, “onde entrarão cerca de três dezenas de operacionais – entre médicos, autoridades e técnicos de saúde” -, seguindo depois para o Vietname.
Na quarta-feira, o Jornal de Notícias (JN) adiantava que a pista do aeroporto de Beja - a única infraestrutura aeroportuária em Portugal capaz de acolher a maior aeronave comercial do mundo (A380) – tem mais duas horas reservadas para voos, posteriores à partida do primeiro.
A Lusa contactou os ministérios dos Negócios Estrangeiros e da Defesa Nacional, a Força Aérea Portuguesa, a ANA Aeroportos de Portugal e a companhia aérea Hi Fly, mas não conseguiu confirmar informações sobre quaisquer voos fretados.
O JN dá conta igualmente de que “às 11:00 e às 15:00 poderão ocorrer mais voos da Hi Fly” com o mesmo objetivo. A aeronave que deverá partir às 11:00 “também faz escala em França”, mas o voo seguinte deverá rumar a Bruxelas, na Bélgica, de onde seguirá com destino ao Vietname.
O JN questionou a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, sobre um eventual apoio das autoridades de saúde portuguesas, tendo a responsável confirmado que este organismo iria “enviar técnicos para explicar às tripulações portuguesas quais os comportamentos a adotar” neste tipo de operação.
A China elevou para 170 mortos e mais de 7.700 infetados o balanço de vítimas do novo coronavírus detetado no final do ano em Wuhan, capital da província de Hubei (centro).
(Notícia atualizada às 10h45)
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