Bolsonaro, que regressa hoje a Brasília, esteve nos últimos dois dias no norte de Itália, onde visitou a terra de onde emigraram os seus antepassados, encontrando apoiantes e detratores, segundo noticia hoje a agência Efe.

Em Pistoia, Bolsonaro participou numa cerimónia no cemitério de San Rocco, onde foram sepultados mais de 450 militares mortos durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Na localidade na região da Toscana, Bolsonaro encontrou-se com o senador e líder da extrema-direita Matteo Salvini. O chefe de Estado, apesar de o ser, não foi recebido por qualquer membro do Governo.

Contra a sua presença, cerca de 200 pessoas manifestaram-se num protesto convocado pelos principais sindicatos do país.

A Confederação Geral Italiana do Trabalho (CGIL) considerou que “os soldados brasileiros que se sacrificaram para libertar Pistoia do nazismo e do fascismo não merecem ser ofendidos pela presença de um homem investigado por crimes contra a humanidade, homofóbico, misógino e racista”.

Foi neste contexto que Salvini lamentou, perante o líder brasileiro, as “incríveis controvérsias” provocadas pela visita a Itália.

“Peço desculpa ao povo brasileiro representado pelo seu Presidente da República pela incrível polémica, mesmo na comemoração dos caídos que perderam a vida para defender o nosso país e libertá-lo da ocupação nazi”, lamentou Salvini.

A cerimónia não contou com as presenças do presidente da câmara de Pistoia, Alessandro Tomasi, ou do presidente da região da Toscana, Eugenio Giani, do Partido Democrático (centro-esquerda).

Os protestos mais notáveis registaram-se hoje, durante a visita ao município de Anguillara Veneta, de onde era natural o seu bisavô Vittorio, que emigrou para o Brasil no século XIX.

Bolsonaro esteve ainda em Pádua, para rezar no túmulo de Santo António.

A presença de Bolsonaro foi criticada pela diocese local que, num comunicado, criticou vários bispos brasileiros pelo “uso da religião, a devastação ambiental e a crise sanitária, ética, social e política, agravadas pela pandemia”.

O regresso de Bolsonaro à capital brasileira implica a sua ausência da 26.ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP26), que se realiza na cidade escocesa de Glasgow.