O Bloco de Esquerda vai estar presente com um deputado na visita a Angola do Presidente da República. Acompanhamos a expectativa de quem, em Angola, luta pelos direitos humanos e pela democracia", adiantou fonte oficial do partido à agência Lusa.

A notícia tinha sido avançada inicialmente pelo Expresso que, na quarta-feira, dava conta que pela primeira vez na sua história, o BE aceitou integrar uma comitiva oficial numa visita àquele país africano.

A visita de Estado do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, a Angola, onde estará entre terça-feira e sábado da próxima semana, vai dividir-se entre a capital, Luanda, e as províncias de Benguela e Huíla.

Em novembro do ano passado, uma comitiva do BE, da qual fazia parte a líder bloquista, Catarina Martins, já se tinha reunido com o Presidente de Angola, João Lourenço, em Lisboa, durante a sua visita a Portugal.

Fonte oficial do BE adiantou então à Lusa que o encontro foi pedido pelo Presidente de Angola, não tendo sido divulgado antecipadamente.

À saída do encontro, em declarações aos jornalistas, Catarina Martins afirmou que "é sabido que o Bloco de Esquerda tem tido uma posição muito crítica sobre o regime angolano e sobre o MPLA".

"No entanto, nós não deixamos de acompanhar a expectativa do povo angolano para que possam existir mudanças neste período", destacou então.

Segundo Catarina Martins, na reunião foi transmitido a João Lourenço que "as críticas que o Bloco tem feito ao regime angolano sobre as necessidades de liberdades políticas são críticas" que se mantêm.

"Reconhecemos que há alguns sinais de mudança e acompanhamos a expectativa do povo angolano numa mudança, achamos que é muito importante a colaboração da justiça de Portugal e de Angola porque há uma elite económica que se tem movido na sombra e que tem vindo a depredar os recursos tanto de um país como do outro", elencou.

A líder do BE garantiu que reiterou ao Presidente angolano "as posições de sempre do Bloco".

"Exigências com liberdades democráticas, muita preocupação com a corrupção e, nomeadamente, com a elite económica que circula entre Portugal e Angola, que não é só um problema angolano, é também um problema português", concretizou.

Sobre a avaliação que faz da governação de João Lourenço, Catarina Martins disse, apenas, que o BE acompanha "a expectativa do povo angolano de que os sinais se possam converter em mudanças muito concretas em nome do pluralismo, das liberdades e do desenvolvimento".