"Isto estava tudo a correr tão bem: Lisboa cidade empreendedora, Portugal como referência do futuro. Até do ponto de vista político interno era um exemplo (e bem) de continuidade de cooperação política numa questão estratégica para o país com antigos e atuais governantes juntos. […] E agora isto?", questiona o social-democrata António Prôa numa nota enviada à agência Lusa.

Segundo este responsável, "o problema é que a confusão está lançada e o presidente [do município, Fernando Medina], se não quer ser confundido, não se deve deixar confundir" e "deve esclarecer".

A Câmara de Lisboa afixou hoje cartazes junto à entrada da Web Summit para incentivar os investimentos na cidade, sublinhando que na capital portuguesa se constroem "pontes e não muros".

"Num mundo livre, ainda pode encontrar uma cidade para viver, investir e construir o seu futuro, erguendo pontes e não muros. Nós chamamos-lhe Lisboa", salienta a autarquia, em inglês, nos cartazes afixados.

Segundo fonte do município, o objetivo é captar investimento.

A iniciativa aconteceu um dia depois da vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais norte-americanas.

Donald Trump vai ser o 45.º Presidente dos Estados Unidos depois de vencer a candidata do partido democrata, Hillary Clinton, nas eleições presidenciais disputadas na terça-feira.

"Prefiro pensar que se trata de uma interpretação abusiva e que a intenção de Medina não foi a de desrespeitar a escolha democrática do povo americano, que não foi uma demonstração de arrogância ideológica, que não foi uma precipitação oportunista em resultado do deslumbramento pela atenção internacional", adianta António Prôa na nota.

Em declarações à Lusa, o responsável vincou que "as coisas correram tão bem [na Web Summit] que a ação mancha um bocadinho a imagem" da cidade.

"Até admito que possa ter sido ingénua [a intenção], mas o que é facto é que as coisas tomaram uma dimensão e é uma pena que Lisboa encerre o evento com isto", concluiu.

A ação também foi criticada pelo CDS-PP.

Numa publicação feita na rede social ‘Facebook', o vereador centrista na autarquia, João Gonçalves Pereira, frisa que "Medina cria uma polémica para tirar a atenção às inúmeras queixas contra todas estas obras - ao mesmo tempo - que ele inventa para a cidade".

"Entendo que criar gratuitamente conflitos diplomáticos é pura criancice. E devia haver maior cuidado e rigor quando se escreve em inglês", observa o eleito do CDS-PP, destacando o erro ortográfico no cartaz da autarquia - onde está "bridges" (pontes, em inglês) deveria estar "bridges".

A Web Summit de Lisboa, que arrancou na segunda-feira e hoje termina, conta com mais de 53.000 participantes, de 166 países, incluindo 15.000 empresas, 7.000 presidentes executivos e 700 investidores.