Foram mais de dois meses de atento trabalho para que nada falhe durante os quatros dias da Web Summit. A preocupação é garantir que 150 mil dispositivos funcionem em simultâneo ligados à rede e, ao mesmo tempo, evitar intromissões externas que possam perturbar a cimeira tecnológica de Lisboa, isto é, protegê-la de eventuais ciberataques.

"Tivemos dois meses de preparação intensiva do evento, que passa também por precaver e antecipar vários cenários possíveis de crise para atuar proativamente", explicou ao SAPO24 Manuela Coutinho, responsável do Global Operations Center da Altice Portugal, à margem de uma visita de jornalistas ao War Room da operadora tecnológica, localizado no Parque das Nações.

“O acompanhamento de crises é feito a partir de uma sala onde há um conjunto de pessoas com capacidade de decisão. Quando há crise, tem de haver capacidade de decisão”, frisou.

Para a 7.ª edição da Web Summit, a Altice Portugal instalou 50 quilómetros de cabo de rede e fibra ótica e montou duas salas de crise. “Uma, em Picoas, e outra na FIL”, no Parque das Nações, Lisboa, onde decorre a cimeira que junta start-ups e unicórnios. “Em Picoas é seguida a rede WiFi, wireless e outras redes que são suporte a esta rede. Na FIL estão mais atentos a tudo o que se passa na rede WiFi, que é crítica para o evento”, detalhou.

Durante a preparação do evento “antecipámos cenários de crise e problemas e tentamos que não existam”. Os problemas podem vestir a pele de “ciberataques” e “falhas de equipamento central”, citou.

“Garantimos que o nosso equipamento tem a redundância necessária e funcionam em cenário de eventual avaria. Trabalhamos muito na preparação, na proatividade e deteção antecipada dos problemas antes de acontecerem”, sustentou ainda Manuela Coutinho em conversa com os jornalistas.

Os cuidados com a mulher de Zelensky

Ao todo são “mais de 100 pessoas a acompanhar o evento”, indicou. "Ontem tivemos as pessoas dedicadas a verificarem em tempo real tudo o que se passava com a alarmística e com os sistemas de modo a garantir que não havia qualquer problema associado à presença da mulher de Victor Zelensky (Olena Zelenska - oradora surpresa na sessão de abertura)”, disse a responsável do global operations center da Altice Portugal após ser questionada sobre cibersegurança.

war room

“O objetivo é evitar ataques”, assumiu ao SAPO24 João Teixeira, CTO da Altice Portugal. “Há uma preocupação grande ao enquadramento social e político que estamos a viver, sabemos que os ciberataques têm sido mais frequentes e temos equipas profissionais preparadas”, continuou. “A rede é muito grande e há portas abertas. Mas temos uma política de tolerância zero. Temos uma doutrina de segurança na Altice que pratica para si própria e transportamos essa doutrina para aqui”, assegurou.

Nos dois War Rooms “as equipas são escalonadas para qualquer tipo de incidente. E temos uma panóplia de ferramentas que nos ajudam na dark web, na internet, a ler o que vai existindo, de alarmista, sobre o que anda a circular”, garantiu. “Estamos a trabalhar, atentos, a monitorizar e temos pessoas prontas a atuar”, resumiu. “As redes de comunicação são um asset muito importante para um país e são sempre apetecíveis. Temos, por isso, muito cuidado”, referiu ainda João Teixeira.

Artur Costa, diretor de Operações e Serviços de Cliente, indicou terem, entre os mais de 100 profissionais, “quatro engenheiros mergulhados na dark web para tentar perceber os principais movimentos e antecipar possíveis ataques. Este ano mais intensificada pela questão da Rússia”, observou.

A forma de atuar é preventiva e reativa. A primeira passa por “antecipar os movimentos que existem na web e perceber qual deles pode derivar em ataques”, e a segunda é feita “junto das plataformas”, discriminou.

Em relação à cibersegurança, explicou que a proteção “é periférica e concentrada no evento”. Quantos aos ataques, são “intrusivos, ataques em massa que pretendem criar disrupção no evento, e os ataques volumétricos, que procuram que a rede fique saturada e não consigamos aceder aos serviços”, explanou.

Garantiu ainda “terem as melhores práticas” e não divulgou se foram alvo de eventuais ataques nas edições passadas e na presente. “Tem a ver com a confidencialidade da informação”, assinalou.

Por fim, questionado sobre o maior desafio que a Altice Portugal terá pela frente, João Teixeira, CTO, foi taxativo: “que corra tudo bem, ou seja, é muita gente ligada em rede (71 mil participantes), é muita tecnologia ao mesmo tempo (150 mil devices), nós temos expositores que estão a fazer demos lives, temos pessoas que querem ver, que querem aceder, a nossa maior preocupação é que corra tudo bem e que as comunicações não sejam um problema neste evento", concluiu. "A Altice está mais do que habituada a estes eventos", finalizou.