A WWF insiste junto das autoridades portuguesas acerca da necessidade de debater os fogos florestais fora da "época oficial dos incêndios" e apresenta, em comunicado, algumas sugestões para apostar na prevenção e tentar resolver a situação que, nas últimas semanas, destruiu áreas de natureza e casas, tendo mesmo provocado três mortes.

Para a organização, "a origem do aumento da frequência, intensidade e extensão dos incêndios é resultado da conjugação dos impactos das alterações climáticas, combinados com rápidas e abruptas mudanças de uso da terra, má gestão das florestas, falta de consciência da prevenção do fogo e deficiências na proteção".

Os ambientalistas dizem ser fundamental concluir o cadastro predial da propriedade rústica e rever a moldura fiscal do setor florestal, para incentivar o mercado, permitir baixar o preço da terra e incentivar a gestão, mas também adotar o sistema de gestão florestal FSC (Forest Stewardship Council), como forma de ajudar a prevenir incêndios florestais.

"O FSC é um mecanismo economicamente eficiente e auto-sustentado no aumento da competitividade do setor florestal, que preconiza a aplicação de boas práticas de gestão", o que inclui a prevenção da floresta contra incêndios, explica a WWF.

As opções de gestão defendidas pelo sistema sustentável "aproximam o cidadão da floresta, fazendo de cada pessoa um agente de conservação da floresta", apoiam a regulação de políticas florestais, como o funcionamento das centrais de energia de biomassa, e valorizam os serviços ambientais da floresta, premiando quem gere melhor.

Também permite, segundo a WWF, "demonstrar que o Estado dá o exemplo na aplicação das boas práticas de gestão, certificando as florestas públicas através de um sistema independente e credível".

Estimativas citadas pela organização apontam para 90 mil hectares já ardidos de floresta, em Portugal, entre povoamentos e matos, acrescentando que, em média, entre 2005 e 2015, arderam 101.337 hectares.

Dados do Sistema Europeu de Informação de Fogos Florestais (EFFIS na sigla em inglês), referem áreas maiores ao dizer que, este ano, já arderam 116.833 hectares, com o pico dos fogos a acontecer na semana entre 5 e 12 de agosto.

A associação de defesa do ambiente refere que a "mediatização do incêndio catastrófico esconde a realidade dos factos", ao focar-se mais no potencial criminal e "no espectáculo das chamas, e menos na causa dos fogos florestais", e aponta a "floresta mal gerida e pouco resiliente às pressões causadas pelas alterações climáticas".