Segundo a imprensa japonesa, Xi Jinping reuniu-se durante cerca de 40 minutos com Fumio Kishida, naquele que foi o seu primeiro aperto de mão a um chefe de Governo nipónico desde Shinzo Abe, em 2019.
O dirigente japonês expressou “as suas graves preocupações” quanto a “atividades militares chinesas, incluindo lançamentos de mísseis balísticos a partir da China”, do mar oriental da China, declarou Kishida à imprensa.
A atividade marítima chinesa em tornou das ilhas Senkaku, administradas por Tóquio, mas que Pequim reivindica sob o nome de Diaoyu, continua a ser um ponto de tensão entre os dois países, que comemoraram este ano 50 anos de relações diplomáticas oficiais com frieza, num contexto de crescentes ambições da China na região Ásia-Pacífico.
Mísseis chineses disparados durante manobras militares em grande escala em torno de Taiwan, em agosto, caíram sobretudo na zona económica exclusiva do Japão, e Tóquio protestou contra aquilo que classificou como crescentes violações dos seus espaços aéreo e marítimo nos últimos meses.
“Insisti na importância da paz e da estabilidade no estreito de Taiwan”, sublinhou o primeiro-ministro nipónico, afirmando ter chegado a acordo com Xi Jinping para um reforço da comunicação em matéria de segurança.
Da guerra na Ucrânia aos mísseis norte-coreanos, o fórum da APEC, que reúne a partir de sexta-feira 21 países dos dois lados do oceano Pacífico, será dominado pelas questões de segurança.
Esta agenda foi-lhes hoje recordada pela Coreia do Norte, que procedeu a mais um lançamento de um míssil balístico, à laia de demonstração da resposta “feroz” que Pyongyang prometeu ao reforço da aliança militar entre Washington, Seul e Tóquio.
“Em relação à Coreia do Norte, expressei as nossas expectativas de que a China assuma uma posição, nomeadamente no Conselho de Segurança da ONU”, declarou Fumio Kishida, na mesma linha que o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que pediu a Xi que utilizasse a sua influência para dissuadir o regime de Kim Jong Un de proceder a um teste nuclear, o primeiro desde 2017.
Sob pressão nesta matéria, bem como devido à guerra na Ucrânia, em relação à qual proclamou a sua neutralidade, Xi Jinping prossegue em Banguecoque a sua maratona diplomática, a primeira em que participa desde o começo da pandemia de covid-19 e que iniciou na cimeira do G20 (grupo formado pelas 19 maiores economias do mundo mais a União Europeia), na ilha indonésia de Bali.
“Acima de tudo, nós, chineses, esperamos ver paz e estabilidade”, insistiu Xi numa comunicação escrita enviada a uma conferência de líderes económicos da APEC.
“A Ásia-Pacífico não é o quintal de ninguém e não deve tornar-se um território de disputa para as grandes potências”, defendeu, advertindo: “Qualquer tentativa de desencadear uma nova Guerra Fria não será permitida nem pelas pessoas nem pela nossa época”.
O Presidente francês, Emmanuel Macron, e o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed ben Salman, são os convidados desta cimeira de dois dias da APEC.
Os Estados Unidos serão representados pela vice-presidente, Kamala Harris, uma vez que o Presidente Biden ficou retido em Washington devido ao casamento da neta.
O evento encerra uma sequência de dez dias intensos, do ponto de vista diplomático, no sudeste asiático, após uma cimeira da Associação das Nações da Sudeste Asiático (ASEAN), em Phnom Penh, e outra do G20, em Bali.
O encontro do G20 foi marcado pela queda de um míssil na Polónia (Estado-membro da NATO — Organização do Tratado do Atlântico-Norte, o bloco de defesa ocidental) que fez dois mortos, um incidente que reforçou o medo de uma escalada do conflito na Ucrânia contra a qual incessantemente alertaram as 20 maiores economias mundiais.
No seu raro encontro da passada segunda-feira, Biden e Xi procuraram apaziguar as tensões.
O tom conciliador adotado pelos dois chefes de Estado deverá tranquilizar os membros da APEC, cada vez mais preocupados com a ideia de ter que tomar partido entre as duas maiores economias do mundo.
Chegado a Banguecoque na quarta-feira à noite, Macron tentará, durante esta reunião de dois dias, relançar as ambições estratégicas de França na Ásia-Pacífico, prejudicadas pela crise com a Austrália em torno de um grande contrato para o fornecimento de submarinos em 2021.
“Nesta região muito contestada, que é palco de um confronto entre as duas grandes potências mundiais, a nossa estratégia é defender a liberdade e a soberania”, declarou hoje o Presidente da República francês.
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