“A central nuclear de Chernobyl esteve ocupada durante 35 dias. Os soldados russos saquearam os laboratórios, capturaram os guardas e maltrataram o pessoal, utilizando-os para lançar novas hostilidades”, afirmou Zelensky, num discurso proferido no 38.º aniversário da catástrofe nuclear (1986), hoje assinalado.
“A radiação não conhece fronteiras e não faz distinção entre bandeiras nacionais. A catástrofe de Chernobyl mostrou ao mundo a rapidez com que as ameaças mortais podem surgir”, disse Zelensky, que reconheceu o trabalho de “dezenas de milhares de pessoas” para impedir essas “terríveis consequências”.
O Presidente ucraniano procurou estabelecer um paralelo entre esse episódio e a situação atual na central de Zaporijia, “mantida refém”, frisou, por “terroristas” russos.
“O mundo inteiro tem o dever de pressionar a Rússia para que esta liberte a central e a devolva ao controlo total da Ucrânia”, defendeu, afirmando que só assim será possível “garantir que o mundo não sofra novas catástrofes radiológicas, exatamente a ameaça que existe todos os dias com a presença de invasores russos na central nuclear de Zaporijia”.
Desde 04 de março de 2022, menos de duas semanas após o início da invasão da Ucrânia, a central nuclear de Zaporijia está sob controlo russo.
É a maior central nuclear da Europa e não produz eletricidade desde 11 de setembro de 2022. Os seus seis reatores estão em modo de paragem a frio.
Uma missão da Agência Internacional da Energia Atómica (AIEA), agência que integra o sistema das Nações Unidas, está permanentemente no local desde 4 de setembro de 2022. No entanto, tal não impediu que as instalações fossem palco de ataques de que se acusam mutuamente russos e ucranianos.
O pior acidente nuclear da história ocorreu em 26 de abril de 1986 na Ucrânia – que era, na altura, uma das 15 repúblicas soviéticas -, quando um reator da central de Chernobyl, localizada a cerca de 100 quilómetros de Kiev, explodiu, contaminando cerca de três quartos da Europa, especialmente a Ucrânia, a Rússia e a Bielorrússia.
Calcula-se que cerca de 350 mil pessoas terão sido deslocadas e que a saúde de muitos milhares foi afetada, direta ou indiretamente, pelos efeitos do acidente.
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