Tal como em anos anteriores, a festa inclui uma semana de extravagâncias em homenagem ao chefe de Estado, que comanda com mão de ferro o país africano desde que a nação obteve a independência do Reino Unido, em 1980. 

Com um custo avaliado em um milhão de dólares, segundo a AFP,  a celebração deixou revoltada a população de um país com altos níveis de desemprego e com dificuldade em alimentar o seu povo.

No ano passado, também pelo seu aniversário, Mugabe serviu aos convidados carne de elefante, de búfalo e de antílope.

Desta vez, os festejos também contam também com uma polémica de caráter histórico.

A festa acontece no parque nacional de Matobo, no sul do país, perto do local onde foram sepultadas as vítimas de uma das repressões mais violentas ordenadas por Mugabe.

Em fevereiro de 1982, a sua famosa 5ª brigada, treinada na Coreia do Norte, massacrou nesta região de Matabelelandia quase 20 mil pessoas, incluindo muitos simpatizantes de Joshua Nkomo, ex-vice-presidente e depois rival de Mugabe.

"Isto não deveria ser um local de celebração", afirmou à AFP Mbuso Fuzwayo, porta-voz do grupo Ibhetshu Likazulu. "Toda a região é cenário de um crime, onde os ossos das vítimas dos massacres de Gukurahundi estão enterrados", completou.

Ignorando as críticas, Mugabe aproveitou o aniversário para tentar acabar com os boatos sobre o seu frágil estado de saúde e demonstrar determinação no que toca à conservação do poder.

"A maioria da população pensa que não há ninguém para me substituir, nenhum sucessor possível que pareça aceitável, tão aceitável como eu", disse numa entrevista. "Certamente, se eu sentir que não sou capaz de continuar, direi ao meu partido para me substituir. Mas, no momento, penso que não é o caso", completou Mugabe, que no entanto não conseguiu esconder o cansaço. 

Desde terça-feira, data do aniversário, a imprensa estatal não poupa elogios ao líder absoluto do país. Além disso, o partido de Mugabe, o Zanu-PF, pediu ao seu líder histórico que dispute um novo mandato nas eleições de 2018.

Até hoje, Robert Mugabe não citou um possível sucessor, mas a sua segunda esposa, Grace, de 51 anos, cada vez mais ativa dentro do partido, perfila-se como favorita.

Muito respeitado pelos seus colegas no continente, Mugabe mantém a sua autoridade no conjunto do país, graças, em boa parte, à forte presença das forças policiais.

Todas as escolas ao redor de Bulawayo ficaram fechadas quinta-feira e sexta-feira para celebrar o aniversário. Isto motivou críticas do poeta e opositor Desire Moyo, que considera que as crianças "terão que participar na festa à força".

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