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Como nos chegam as notícias
Ryszard Kapuscinski, mestre essencial para jornalistas de sucessivas gerações, analisou, no começo deste século que "antes, a notícia era a verdade, agora tornou-se mercadoria". Ele foi a África pela primeira vez em 1957 e voltou vezes sem conta ao longo de meio século. Testemunhou, sem lugares comu -
Podemos fechar os olhos? Obviamente, não. Podemos fechar as portas? Também não.
O que é que aconteceu na noite de fim de ano na grande praça diante da majestosa catedral e da estação central de comboios de Colónia? Foi uma noite de vergonha, com intoleráveis ataques a centenas de mulheres. O corpo e a intimidade da mulher – das mulheres - foi o principal alvo. Os homens que em -
12 perguntas de 2015 para 2016
Estamos a sair de um ano que fica marcado por alguns episódios que dão fôlego à esperança mas também pela proliferação do medo. Um 2015 que começou e terminou com as atrocidades em Paris, em que a organização com o nome mais pronunciado é a do autodesignado estado islâmico, e um ano que nos deixa nu -
O salto espanhol no quase desconhecido
A vontade que os cidadãos têm de mudança impôs, no espaço de 75 dias, a reviravolta no mapa político ibérico. Portugal, em 4 de outubro, e Espanha, em 20 de dezembro, colocam a península como um laboratório de experiências políticas inovadoras para a esquerda europeia. Os espanhóis, que se mobilizar -
O salto espanhol no quase desconhecido. Ou como a Espanha pode tornar-se um imenso Portugal
A vontade que os cidadãos têm de mudança impôs, no espaço de 75 dias, a reviravolta no mapa político ibérico. Portugal, em 4 de outubro, e Espanha, em 20 de dezembro, colocam a península como um laboratório de experiências políticas inovadoras para a esquerda europeia. Os espanhóis, que se mobilizar -
A Terra Prometida
O que o acordo de Paris nos diz é que, num máximo de 60 anos, todos os automóveis, aviões, barcos, comboios e até edifícios terão de funcionar sem recurso a combustíveis fósseis. Portanto, nada de gasolina, gasóleo, carvão ou gás natural. Nada que emita CO2. Ainda vai demorar a chegar lá, mas os car -
"People Have the Power". E temos um problema Le Pen para tratar
Marine Le Pen está lançada para daqui a 16 meses ser eleita presidente da República francesa? Este cenário perturbador pelo veneno xenófobo e pelo retrocesso civilizacional populista e autoritário que representa não é o mais provável, mas pode ainda impor-se como realidade e, a ser assim, dar um saf -
Governar bem também pede utopia
A tarefa dos políticos consiste em resolver os problemas. Marcelo Rebelo de Sousa, intuitivo a entender o essencial, logo que o governo de António Costa foi empossado tratou de murchar o ímpeto de quem andava pela direita encrespado em guerrilhas, ao comentar que "a crise passou, o passado terminou, -
A guerra que vem do deserto para as cidades. E que vai ser longa.
Bruxelas está a sentir, por causa do terrorismo, a ameaça de viver em semiliberdade. Temos de ponderar se esse é um preço que estaremos dispostos a pagar pela nossa segurança. Seja como for, há que combater quem ataca a nossa liberdade. -
Que forças temos para enfrentar esta ameaça?
Os bárbaros do "Estado Islâmico" (EI), de facto um bando de criminosos que se autoproclama califado e que controla um território com o tamanho das ilhas britânicas, não gostam que a gente se divirta, ria e cante e dance em bares. Era só o que faltava cedermos, seja na mais romântica capital europeia -
E agora?
Tivemos a confirmação de que agora os terroristas matam também em Paris tal como fazem em Bagdad ou em Beirute. Já tinham atacado em Londres e em Copenhaga, como em Ankara ou em Tunes. -
O clima do povo
Estamos a tornar-nos cada vez mais alheios a cimeiras políticas, assembleias e conferências internacionais. Esta apatia passa pelo ceticismo sobre a eficácia dessas reuniões e pela recorrente falta de repercussões que melhorem a vida das pessoas. Habituámo-nos a não esperar qualquer bom rasgo de que -
Vamos fazer outro filho? O Estado consente?
É de crer que muitos casais chineses tenham passado a noite de quinta-feira a fazer amor sem restrições, a celebrar o fim da imposição de filho único, política que vigorava na China há 35 anos. Na manhã de sexta-feira apareceu quem saudasse a evolução decidida pelos donos do poder em Pequim. Convém, -
Cenários de apocalipse neste inverno a chegar
Já estamos em Portugal quase todos a ir ao roupeiro buscar as roupas mais aconchegadas para o inverno. O frio chega à Europa ao mesmo tempo que centenas de milhar de refugiados de guerra. São, só neste último mês, 250 mil que batem à porta. A maior parte foge da guerra civil que desde 2011 devasta a -
Ay, Carmena! Quando quem governa é quem não ganhou
Apesar dos azedumes que andam no ar e de algumas cabeças em vendaval que levam ao excesso de mostrar rancores, o que há de estimulante no resultado das eleições de 4 de outubro é a possibilidade de abertura de um tempo político em que quem governa passe a ter em conta um leque mais aberto de opiniõe -
A Turquia resvala
A Turquia afasta-se do horizonte europeu e resvala cada vez mais para o Médio Oriente dilacerado pela intolerância, pelo autoritarismo e pelo sectarismo. No começo deste século XXI, o movimento era o oposto: a Turquia, com reformas democráticas e fulgurante crescimento da economia, aproximava-se da -
A Tunísia merece este Nobel exemplar
O Nobel da Paz para o Quarteto para o Diálogo na Tunísia, país pioneiro onde saltou a chispa que deu energia à primavera árabe, é um devido reconhecimento à generosidade, dedicação e abnegação da sociedade civil tunisina, tão sacrificada mas tão rica em fôlego democrático. -
Oportunidade para uma outra cultura política
Os portugueses saem das eleições deste 4 de outubro com um quadro político claramente menos adverso e até mais amável para os cidadãos: os políticos ficam obrigados a uma cultura de negociação como sistema de resolução das diferenças nas opções de governabilidade. -
O imbróglio
Esta campanha eleitoral portuguesa está desgraçadamente vazia de ideias e de futuro, empurra ainda mais para o desapego ao modelo que estes políticos usam para fazer política e segue enganadora. O primeiro equívoco na campanha é o seu fim: sendo que se destina, primeiramente, a eleger deputados, de -
A infeção
Estamos disponíveis para partilharmos a mesa em convívio com um homem que é um ditador? Aceitamos que uma criatura que cancela as liberdades faça parte do clube com o qual nos identificamos e ao qual queremos pertencer? O homem é Viktor Orban, primeiro-ministro da Hungria e representa o primado da i -
Há duas Merkel? E o que nos falta
Alguém dá conta por aí de algum dirigente que seja capaz de nos mobilizar para sonharmos, com bases consistentes, com um futuro comum exaltante? Alguém capaz de conduzir, com convicção, um pacto de confiança entre a liderança política e a cidadania?