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Mandela, Xanana e Aung San Suu Kyi
Xanana Gusmão apareceu-nos como uma bela história nos anos 90 do século XX. Ele era um dos principais símbolos da corajosa luta do povo de Timor pela liberdade e independência. O guerrilheiro Xanana fora capturado pelos ocupantes indonésios em 1992, pouco depois do massacre em Santa Cruz, e, carismá -
O Harvey em Houston, teste ao furacão Trump
É um dilúvio. Em apenas três dias caiu, incessante – e continua a cair -, mais do que a chuva esperada em todo um ano. Batida por ventos com rajadas que atingiram os 200 quilómetros por hora. Houston, a quarta cidade mais populosa (2,4 milhões de habitantes no perímetro urbano, mais 4 milhões na áre -
O medo só pode ser o de cortes na nossa liberdade
A consternação fica por muito tempo, mas nesta semana seguinte à matança de 17 de agosto, Barcelona, a cidade protagonista que condensa modernidade e tradição, espírito aberto e tolerante combinado com ferrenho nacionalismo, já voltou a ser Barcelona, cosmopolita, frenética, permissiva e festiva cap -
Strangelove em 2017
Viria mesmo a calhar podermos ver ou rever por estes dias Dr. Stangelove. O filme do genial de Stanley Kubrick é uma sátira brilhante, realizada há 53 anos, então num tempo crítico da Guerra Fria, logo a seguir à altíssima tensão entre EUA e URSS por causa dos mísseis em Cuba. O enredo do filme, que -
Turistas e residentes: evitar o demasiado cheio
A viagem é o gosto de encontrar e de enriquecer o conhecimento. É o prazer da imersão num outro lugar. Todos, ou quase todos, gostamos de viajar e de descobrir novas cidades e novos lugares. O turismo é uma fonte de riqueza para os países de acolhimento, é uma das principais indústrias globais e um -
Os negócios no futebol
Há o desporto e há o futebol. São duas realidades distintas. O futebol nasceu como desporto - ainda há quem o jogue com esse espírito -, mas tornou-se sobretudo uma indústria globalizada, organizada num sistema que tem no topo uma meia dúzia de equipas que passaram a ser gigantes no entretenimento. -
Ubu em Varsóvia
O Rei Ubu é uma personagem monstruosa, corrupta, cobarde e cruel, para quem toda a manipulação dos factos é legítima. Assassina o rei para usurpar o trono. Na estreia, em dezembro de 1896, no Théatre du Louvre, em Paris, desta peça que antecipou o Teatro do Absurdo, o autor, Alfred Jarry, subiu ao p -
Viagem pelo Erdoganistão
Livros como Istambul ou o Museu da Inocência, do fascinante erudito Orham Pamuk, Nobel da literatura em 2006, não aparecem como primeira recomendação para visita turística à cidade turca que já foi Bizâncio e Constantinopla. Mas são um guia precioso para entendermos a alma de Istambul e, mais, da Tu -
A Europa parece de volta
O Papa Francisco quis, na última quinta-feira, fazer uma declaração, sem rodeios: “A Europa deve assumir rapidamente uma estrutura federal. (…) A Europa ou se torna uma comunidade federal ou não vai contar no mundo”. Os mais poderosos dirigentes políticos globais estavam reunidos numa cimeira G20 em -
O presidente-wrestler
Os 166 dias que a presidência Trump atinge neste 4 de julho trazem uma revelação: o homem que recebeu 63 milhões de votos para ser o chefe da nação supostamente mais poderosa no mundo, com o encargo de analisar problemas, receber conselhos, tomar decisões e assinar decretos, tem tempo para consumir -
Summer of love
The summer of love começou num inverno, o de há 50 anos. Principiou em 14 de janeiro de 1967, no parque da ponte Golden Gate, de San Francisco, lugar da convocatória pelo poeta beatnick Allen Ginsberg e pelo papa da então legal LSD, Timothy Leary, para a assembleia Human Be-In. -
Estar à altura
Muitas das melhores histórias não são escritas no teclado do computador, saem directamente do coração. O ofício de jornalista trata de construir frases para dar a entender, com a maior precisão e clareza possíveis, aquilo que de relevante acontece. Às vezes, quando a tristeza é tão grande e a alma e -
A arma televisiva
Hamad bin Khalifa, emir do Qatar durante 18 anos (de 1995 até abdicar para o filho em 2013), chegado ao poder depois de derrubar o pai num golpe de estado, liderou um pequeno país que não chega a ter o tamanho da Estremadura e Ribatejo juntos, mas que projetou muito poderoso no mundo. O Qatar tem um -
O “may day” de Theresa May. God Save the Brits!
Theresa May tenta disfarçar o “mayday”, faz por passar a impressão de não estar perdida. Mas a primeira-ministra que queria, nestas eleições, reforçar a maioria absoluta, colhe um fracasso absoluto. Dispõe-se, apesar de enfraquecida, a formar um governo de recurso, certamente muito a prazo. Boris Jo -
Os jovens decidem a próxima liderança britânica
Os eleitores britânicos têm fama de desconcertar as empresas de sondagem. O sistema eleitoral contribui para que o seu voto conduza a resultados imprevisíveis. É assim que as últimas sondagens antes da votação de hoje tanto apontam para uma vitória insuficiente (abaixo da maioria absoluta que tinham -
Incerteza em Londres e em todo o Reino Unido
Do atentado na ponte de Westminster (em 22 de março) ao da ponte de Londres (na noite de sábado) passaram 73 dias, e nestes menos de três meses, desgraçadamente, a primeira-ministra Theresa May teve de aparecer por três vezes na porta da residência de chefe do governo para falar aos concidadãos brit -
A brecha atlântica e a deriva brasileira
A boa sintonia entre o Ocidente durou precisamente 69 anos: 3 de junho de 1948 é a data histórica em que entrou em aplicação o Plano Marshall, que instalou a relação especial entre os Estados Unidos e a Europa, como grandes aliados. Passados estes 69 anos de persistente harmonia no fundamental das r -
Com o terrorismo e contratos multimilionários em fundo
1. Depois do Bataclan de Paris, do Pulse de Orlando, agora a Arena de Manchester, outra vez uma sala de espetáculos no alvo da crueldade terrorista. Desta vez, a barbárie teve na linha de mira adolescentes, jovens adultos e pais que tinham ido buscar os filhos que estavam entre as 18 mil pessoas com -
Assim estamos indefesos
Por mais que apeteça celebrar com entusiasmo o triunfo de um artista peculiar, com sensibilidade em que desejamos rever-nos, como é Salvador Sobral, é um excesso que essa alegria ocupe meia hora na abertura do telejornal. -
Um Papa nada convencional
A percepção é determinante. Bento XVI apareceu-nos sempre como um velho professor, fechado, austero na sua cátedra. As suas palavras como Papa exprimem pensamento que se traduz em lições e doutrina. Como se estivesse sempre a falar para audiências qualificadas. O Papa Francisco nunca se põe na cáted -
Ainda faltam mais duas voltas - e instalar confiança
Le Pen quis apresentar Macron como filho político de Hollande. A noite do triunfo de Macron evidencia que a ascendência mais assumida é a de Mitterand. Ficou marcada nos gestos: a longa caminhada solitária de Macron, ao som do hino à Alegria de Beethoven, símbolo da Europa, na esplanada do Louvre at -
Não basta derrotar Le Pen nesta eleição
Há 31 anos menos três dias, 10 de maio de 1981, François Mitterand recebeu 51,7% dos votos, destronou Giscard e pôs a esquerda no poder em França. Abriu uma década de vaga socialista na Europa. O noticiário da rádio, às seis da tarde desse domingo de maio de 81, fez uma pausa de segundos até que nos -
O grande teste à startup política de Macron
A startup da política criada há um ano por Emmanuel Macron está, agora, a chegar à fase em que se vai ver se tem ou não energia para liderar a mudança em curso na paisagem política francesa. É a partir de agora que se vai perceber se Macron tem ou não estatura para aparecer como um novo imperador na