Vinte e dois. É este o número de jogadores portugueses atualmente em planteis principais de equipas da Premier League, dos sem oportunidades, passando pelos lesionados, até aqueles que, com mais frequência, invadem os nossos ecrãs. Hoje falamos um pouco de todos eles.
Ao olharmos para o gráfico acima, salta a vista o facto de a maior parte dos jogadores portugueses estarem entre os 23 e os 27 anos. Um misto de potencial e de pico de carreira. Seis dos vinte e dois não têm experiência anterior na liga, o que contrasta com os restantes 16, a esmagadora maioria, com pelo menos uma época de experiência na Premier League - mesmo que essa época seja, em boa verdade, uma 'meia' época, como é o caso de Bruno Fernandes.
Nos jogadores aptos fisicamente e sem minutos, o destaque vai para Gedson Fernandes. O médio português emprestado pelo Benfica, está no Tottenham desde janeiro de 2020. Sem se conseguir impor na equipa de José Mourinho - tendo apenas participado em 13 jogos desde a sua chegada, apenas um esta temporada, num encontro a contar para a Taça da Liga - Gedson está neste momento ligado a um regresso prematuro ao clube que o viu crescer. O interesse dos Spurs por Marcel Sabitzer, internacional austríaco que representa o RB Leipzig, está diretamente relacionado com esse mesmo possível regresso.
Também sem minutos e sem grandes oportunidades até ao momento estão os jovens João Vigínia e Gonçalo Cardoso. O primeiro é guarda-redes, tem 21 anos e reparte a formação entre Benfica e Arsenal; o segundo é um jovem defesa central de 20 anos, com formação feita no Penafiel, que veste as cores do West Ham United desde a temporada passada e que, no currículo, conta com 15 jogos na liga portuguesa ao serviço do Boavista.
Uma merecida referência a dois experientes internacionais portugueses que, por via de lesão e concorrência para a posição, enfrentam uma época difícil. Cédric Soares, primeiro lesionado e agora preterido pela concorrência aguerrida de Héctor Bellerín, ainda não teve oportunidade de se estrear na época 2020/21, em jogos a contar para a Premier League. Por outro lado, Ricardo Pereira, a cargos com uma lesão grave, está fora dos relvados desde março. Tendo recentemente participado em vários treinos da equipa, a recuperação total está à vista e podemos esperar ver o antigo lateral do FC Porto de regresso à primeira equipa do Leicester entre o final deste mês de novembro e o início de dezembro. Quando regressar terá de enfrentar a concorrência à posição de defesa direito, encabeçada por um novo rosto, o então suplente James Justin, que tem provado ser um jogador extraordinário e umas das muitas confirmações da liga deste ano.
Por fim, o destaque vai para Rui Patrício, o único totalista dos vinte e dois, e para Bruno Fernandes, Helder Costa, Pedro Neto e Matheus Pereira. Todos eles dos principais catalisadores das respetivas equipas, apresentando número promissores para o que resta da temporada.
Cruzando dados de idade, posição, clube, ano de ingresso, experiência na liga, clube de formação, valor de mercado, minutos em 2020-21 e agenciamento da totalidade dos portugueses na Premier, chegamos à média do jogador português na liga inglesa e aos dados que parecem beneficiar um jogador a assinar por uma equipa do campeonato mais competitivo da atualidade.
Do presente para o passado, se olharmos para trás, para os primeiros passos da Premier League, é interessante perceber quais os jogadores portugueses com mais influência a passarem pela mesma e, também, como se estão a sair os atuais, em comparação com os seus antecessores.
Aqui, o destaque terá que ir para os extraordinários 63 cartões amarelos mostrados a Luis Boa Morte, um número que o coloca entre os jogadores mais duros da Premier League. Numa tradução estatística: Boa Morte viu um cartão a cada 423 minutos.
Façamos o termo de comparação necessário. Vinnie Jones - sim, Vinnie Jones -, com 36 amarelos em 184 partidas, viu 1 amarelo a cada 460 minutos, marca mais positiva que o internacional português, e Roy Keane, com 69 amarelos em 366 jogos terminou a passagem pelo campeonato inglês com uma média de 1 cartão por cada 476 minutos.
Contudo, os três têm ainda muitos jogadores à sua frente, incluindo o mais indisciplinado jogador em toda a história da Premier League, Lee Cattermole. Com 91 amarelos em 271 jogos, Cattermole era admoestado com 1 cartão amarelo a cada 217 minutos. A juntar aos amarelos, temos os vermelhos. Como se pode ver acima Luís Boa Morte viu 6, Vinnie Jones, Roy Keane e Cattermole viram 7 cada. Estes últimos estão a apenas um cartão do recorde da Premier League, 8 cartões vermelhos. Feito apenas alcançado por Patrick Vieira, Duncan Ferguson e Richard Dunne.
Nas assistências o claro destaque vai para Bruno Fernandes, que se aguentar este ritmo exibicional tornar-se-á uma lenda da Premier League, e para João Moutinho que quase a chegar aos 100 jogos na Premier League mantém uma média muito próxima à de Cristiano Ronaldo, que na altura não teria a seu favor a experiência, mas tinha a vantagem de ser, lá está, Cristiano Ronaldo. Uma nota para o jogador com recorde de assistências na Premier League ser Ryan Giggs e este contabilizar 162 assistências para golo em 632 jogos efectuados, o que perfaz 1 assistência a cada 3.9 jogos.
Nos golos, já seria de esperar que mais uma vez Bruno Fernandes, com a sua adaptação meteórica à liga inglesa, estivesse na liderança. Números quase impossíveis de manter, mas que até ao momento não deixam de impressionar até os melhores avançados que por lá passaram. Olhemos para o melhor de todos, Sergio Agüero, que apresenta uma média de 132.5 minutos por golo. Uma estatística arrepiante e à qual Bruno Fernandes continua a fazer frente, mesmo sendo ele um médio ofensivo e não um avançado.
*Todos os números estatísticos desta crónica foram recolhidos tanto do site oficial da Premier League, como de do Transfermarkt.
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