Quatro nadadores americanos foram assaltados, no passado dia 14, quando regressavam à Aldeia Olímpica. O caso, que não levantava qualquer dúvida, e que levou, inclusive, o diretor de comunicação do Comité Olímpico, Mario Andrada, a pedir desculpa aos atletas, pela violência a que foram sujeitos, parece ser não ser tão linear como foi noticiado.

As suspeitas apareceram quando começaram a surgir contradições entre os depoimentos de dois dos quatro nadadores da comitiva americana. Segundo o campeão olímpico Ryan Lochte, o táxi onde eles iam foi mandado parar por um grupo de homens que se fizeram passar por polícias - tinham armas e distintivos. James Feiger, compatriota de Lochte, disse que tinha acordado quando um homem, num carro branco antigo, rendeu o motorista do táxi.

De acordo com os depoimentos prestados, os dois nadadores afirmam ter recorrido a outro táxi depois do assalto, mas não se recordam de qualquer dado que permita identificar os veículos. Segundo as mesmas declarações, Lochte afirma ter perdido 400 dólares e James 300. O que a polícia considera estranho é o facto de os assaltantes não terem levado nenhum dos telemóveis, que teriam um valor elevado. O depoimento foi-se tornando mais ‘nublado’, sobretudo depois do medalhista olímpico, Lochte, ter afirmado que estava alcoolizado e que, por isso, não se lembrava de tudo o que tinha acontecido.

Os investigadores da Delegacia Especial de Apoio ao Turismo aguardam para ouvir o depoimento dos outros dois atletas e procuram imagens que possam ajudar a identificar e localizar o táxi que trouxe os quatro atletas de volta para casa.

As únicas imagens que foram obtidas, até ao momento, são da Vila Olímpica. Nelas é possível observar os quatro nadadores a regressar a pé, a conversar de forma descontraída e com os seus pertences nas mãos - carteiras e telemóveis -, não apresentando sinais de trauma. Para além disso as imagens marcam as sete horas da manhã, uma hora diferente da que foi registada pelas autoridades nos depoimentos: quatro da manhã.

O assalto

Os nadadores americanos foram convidados para uma festa por um colega brasileiro e acabaram por ficar sem a carteira. Lochte, o vencedor do ouro nos 4x200 livres telefonou à mãe que, segundo a Fox Sports, além de confirmar que apontaram uma arma ao seu filho, acrescentou que Lochte definiu o incidente como "aterrador". A mãe do nadador americano disse ainda que eles apenas “levaram as carteiras deles e pronto". 

O incidente terá acontecido quando os atletas estavam num táxi, após deixar uma festa na Casa da França, na Sociedade Hípica, na Zona Sul do Rio.

A justiça brasileira já se pronunciou

Uma juíza brasileira proibiu, esta quarta-feira, os nadadores norte-americanos Ryan Lochte e James Feigen de saírem do país, no âmbito da investigação ao assalto que dizem ter sofrido na madrugada de domingo. A decisão da juíza Keyla Blanc deve-se ao facto de existirem versões contraditórias dos atletas em relação ao assalto. Apesar disso, a imprensa brasileira avança que Lochte já terá abandonado o país, mas que Feigen vai ficar no país, embora já não esteja na aldeia olímpica.