O MT, com sede no Porto, promove as capacidades dos jovens com dificuldades escolares e sociais para as colocar posteriormente ao serviço da comunidade, organizando uma vez por ano uma iniciativa denominada “payback” (retorno).
A vice-presidente do movimento, Inês Alexandre, explicou à agência Lusa que a atividade que decorreu em Matosinhos visou dar o retorno à comunidade do trabalho de 15 alunos da Escola Abel Salazar, em São Mamede de Infesta, que há um ano iniciaram a aprendizagem do surf, colocando o que lhes foi ensinado ao serviço de quem precisa.
"A nossa turma de surf esteve um ano a aprender a modalidade e decidiu dar uma aula para miúdos com necessidades educativas especiais e deficiência. [A aula] é 100% da autoria deles, nós apenas garantimos a segurança do processo", descreveu a responsável do MT.
Sobre o trabalho realizado, Inês Alexandre disse que a turma integra miúdos “que eram muito introvertidos, com uma autoestima muito baixinha e notas muito más". Acrescentou que foi possível, "ao longo do ano, reverter este processo”, incutindo-lhes confiança.
"Para eles [os 15 alunos], nós somos família e irmãos mais velhos, dando-lhe uma retaguarda que por vezes não conseguem ter em casa, sendo essa, por vezes, a fonte do nosso sucesso", argumentou.
Desse grupo de alunos, Bernardo Paiva tornou-se voluntário depois de ter integrado o projeto “superpoderes” do MT, numa escola de surf, em Matosinhos, acabando o seu empenho por resultar num contrato de trabalho.
"Comecei como voluntário numa escola de Matosinhos [ensino de surf] e, entretanto, ofereceram-me uma proposta de trabalho para me juntar à equipa deles", relatou à Lusa um dos jovens que proporcionou a oito portadores de deficiência o “batismo de surf” na praia de Matosinhos.
Numa breve viagem pelo antes e depois de ingressar no MT, Bernardo Paiva confessou "nunca antes ter feito voluntariado". Disse mesmo que o associava a "índices de pobreza", argumentando agora que "voluntariado não é apenas fazer algo pelos pobres, mas também fazer algo por alguém de boa vontade".
"A minha vida mudou muito, em termos de satisfação pessoal, porque era uma coisa que precisava realizar", enfatizou o agora monitor de surf.
A treinadora de natação adaptada do Clube de Propaganda da Natação (CPN) Ana Querido deu o testemunho dos oito atletas portadores de deficiência que, disse, viveram a "experiência fantástica proporcionada pelo Surf Aventura e pelo MT".
Portadores de síndrome de Down, paralisia cerebral e autismo, os atletas "absorvem isto de forma plena", confirmou Ana Querido, elogiando-os também pela forma como "aceitam muito bem as novas experiências".
Em grupos de dois, aproveitando a fraca ondulação, mas ainda assim suficiente para o deslizar da prancha, os nadadores do CPN viveram mais uma experiência em que a ansiedade se transformou em pura alegria.
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