Em Sapporo, onde estão a ser disputadas as provas de atletismo de estrada, a marchadora natural de Beja, concluiu a prova com o tempo de 01:34.08 horas.

Cabecinha terminou no 20.º lugar, na primeira metade da tabela. Das 59 marchadoras em prova, cinco não terminaram os 20km marcha.

Depois de um ano bastante complicado, esteve infetada por Covid-19, em janeiro, e faleceu o pai, em abril, à RTP, Ana Cabecinha falou sobre as dificuldades sentidas durante a prova e época desportiva.

Admitindo que não era o resultado que ambicionava, a atleta do Clube Oriental de Pechão "deu tudo" para chegar ao fim.

"Ter cabeça para vir cá... Ainda ponderei não terminar a época, mas tinha de fazê-lo, tinha de chegar ao fim. Nem que fosse para dedicar [a prova] ao meu pai", contou.

"Estou muito bem fisicamente, mas quando a cabeça não ajuda, torna-se muito difícil", disse ainda, visivelmente emocionada.

Na prova, Cabecinha acompanhou o ritmo inicial das comandantes da corrida, invariavelmente a brasileira Erica Sena, as chinesas Shijie Qieyang e Liu Hong, campeã olímpica no Rio2016 e tricampeã do mundo, e Palmisano.

Face a isso, perde significado o 20.º lugar na sua quarta presença olímpica, depois do melhor resultado das provas femininas de marcha, com a sexta posição no Rio2016 – foi sétima em Londres2012 e oitava em Pequim2008 –, mas complica a definição do futuro.

“Para já, ainda não sei o que fazer. Quando se é 20.º e se perdem os apoios e não temos um clube grande para poder ajudar a preparar os campeonatos, não sei... Tenho de ir de férias, ponderar o que fazer da minha vida: se acabou ou se tenho forças para continuar e preparar Paris2024. Nestas semanas quero descansar e fazer o meu luto, porque ainda não tive tempo para o fazer”, lamentou.

Sem definição de líderes, face ao ritmo imposto pela dianteira, Cabecinha cedeu um pouco e passou a encabeçar o primeiro grupo perseguidor, atrasando-se alguns segundos: a meio da prova seguia a cinco segundos da frente e dois quilómetros depois já estava a 19.

A marchadora lusa empenhava-se em gerir o seu ritmo, enquanto Palmisano atacava para o triunfo, ‘partindo’ o grupo, ficando na dianteira com a colombiana Sandra Lorena Arenas, mantendo a Sena e Hong a cerca de 20 segundos Sena e Hong e a espanhola Maria Pérez a um pouco mais.

O pódio parecia estar fechado, mas, no último quilómetro, uma penalização de dois minutos imposta a Sena, retirou-a do pódio, relegando-a para o 11.º lugar, a 2.27 minutos de Palmisano. Arenas assegurou a prata, a 25 segundos da italiana, e Hong repetiu o bronze de Londres2012, a 45.

Enquanto Palmisano perdia a bandeira de Itália e cruzava a linha de meta, Cabecinha iniciava a última volta ao circuito do parque Odori, conseguindo, mesmo assim, a melhor marca pessoal do ano.

A atleta de 37 anos continua a deter o melhor resultado das provas de marcha em Jogos Olímpicos, com a sexta posição no Rio2016, depois do sétimo lugar em Londres2012 e do oitavo em Pequim2008.

Com Lusa