A preenchida agenda do primeiro-ministro, António Costa, na visita a Bruxelas arranca na quarta-feira às 11:30 locais (10:30 em Portugal continental) com o descerrar de placa alusiva à inauguração da delegação portuguesa na novíssima sede da NATO, em Bruxelas.
Acompanhado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, e pelo ministro da Defesa, Azeredo Lopes, António Costa será recebido pelo secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, antes de participar numa reunião do Conselho do Atlântico Norte dos Chefes de Estado e de Governo que se adivinha longa.
Em cima da mesa estarão temas menos fraturantes, como a adaptação da estrutura de comandos da NATO, a luta contra o terrorismo, a defesa cibernética, ou a adesão à Aliança da República da Macedónia do Norte, e outros mais polémicos, como a questão da partilha de custos e responsabilidades entre os Aliados.
“Os Aliados europeus e o Canadá não devem aumentar a despesa em Defesa para agradar aos Estados Unidos, mas sim porque é necessário, porque vivemos num mundo mais imprevisível. Uma NATO forte é boa para a Europa, mas também para os Estados Unidos”, frisou hoje Stoltenberg.
Na reunião de quarta-feira, o secretário-geral da NATO deverá repetir o tom otimista e moderado que escolheu para a conferência de imprensa de hoje, desmistificando a questão repetidamente levantada pela administração norte-americana de Donald Trump sobre a fraca contribuição dos Aliados europeus para o orçamento da Organização do Tratado do Atlântico Norte.
Portugal consagra atualmente cerca de 1,36% do Produto Interno Bruto (PIB) a despesas em Defesa, ainda longe do objetivo de 2% acordado entre os países membros da NATO, segundo os dados hoje divulgados pela Aliança Atlântica.
De acordo com os dados hoje publicados – para 2017 e 2018 trata-se ainda de estimativas -, Portugal destinou no ano passado 2.398 milhões de euros a despesas em Defesa, o que equivale a 1,24% do seu PIB, devendo este ano aumentar para 2.728 milhões de euros, o equivalente a 1,36% da riqueza nacional.
O relatório de hoje da Aliança revela que apenas quatro países, além dos Estados Unidos – Grécia, Estónia, Reino Unido e Letónia – já atingem a “meta” dos 2% acordada na cimeira do País de Gales em 2014, para ser alcançada no espaço de 10 anos (até 2024).
Num momento tenso nas relações transatlânticas, os chefes de Estado e Governo dos 29 irão abordar naquela mesma reunião a questão da iniciativa de prontidão.
Inicialmente projetada pelos Estados Unidos, esta iniciativa que tem como objetivo reduzir de 180 para 30 dias o tempo de resposta das forças norte-americanas consideradas indispensáveis em caso de guerra será agora assumida pela NATO.
Concluída a reunião, os governantes irão ‘mudar-se’ para o Museu Real de Arte e História, localizado no Parque do Cinquentenário, onde terão lugar três jantares paralelos.
O primeiro irá reunir à mesa os chefes de Estado e de Governo, e o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, e o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, para um debate sobre a importância da relação entre as entidades europeias e a Aliança, assim como a relação desta com a Rússia.
Do ‘menu’ fazem ainda parte outros temas como a Coreia do Norte e os desafios provenientes do Sul, nomeadamente a importância do ‘hub’ de Nápoles na coordenação de informação entre os Aliados.
Aos ministros dos Negócios Estrangeiros caberá abordar a estabilidade a sul, enquanto os da Defesa discutirão a Rússia.
Para a manhã de quinta-feira, ficam reservadas a sessão conjunta sobre Geórgia e Ucrânia, e a sessão sobre a situação no Afeganistão.
Já sem a presença do primeiro-ministro, António Costa, e num encontro extra-cimeira, o ministro dos Negócios Estrangeiros irá participar numa reunião da coligação global para derrotar grupo extremista Estado Islâmico (EI).
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