“Vamos para uma Liga em que, já à partida, o Belenenses é altamente penalizado, pois a Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) exige-nos que, só para licenciarmos o Estádio do Restelo, gastemos mais de 500 mil euros. É quase condenar o Belenenses à partida. Vamos ter um orçamento muito modesto, muito provavelmente o mais baixo da II Liga”, apontou à Lusa o dirigente do clube lisboeta, que lembrou eventos recentes.
O sistema de iluminação do Estádio do Restelo necessita de intervenção para competir na II Liga, embora o recinto tenha acolhido, nos últimos anos, vários jogos de seleções nacionais, o Belenenses-Sporting, para a Taça de Portugal, e também alguns concertos.
“Acho que isto põe em causa a verdade desportiva e a integridade da competição. São dificuldades acrescidas e teremos de ir para a II Liga com um orçamento reduzidíssimo. Não nos resta outra coisa que não acreditar que, com muito pouco, temos de conseguir fazer mais. As dificuldades serão muitas e os sócios têm de se preparar para tal”, disse.
Nesta época, o Belenenses, com um orçamento “na casa dos 650 mil euros”, garantiu a subida à II Liga face a adversários “que tinham o triplo do orçamento”, sendo que, agora, o clube precisa de contornar todas essas dificuldades financeiras “com os seus meios”.
“Tem de ser com as receitas que, por via do acesso à II Liga, existem, como os direitos televisivos, o valor das apostas, alguns nossos patrocinadores, prémios que contamos ganhar, bilhetes de época, que os sócios paguem as quotas a tempo, a bilheteira… Mas isso tudo junto dará seguramente o orçamento mais baixo de toda a II Liga”, reforçou.
Desta forma, Patrick Morais de Carvalho não acredita que o Belenenses consiga, na sua época inaugural na II Liga, disputar uma sexta subida de divisão consecutiva e regressar à elite do futebol português, pois o clube “tem de gastar 500 mil euros em lâmpadas”.
A ascensão aos campeonatos profissionais serve de ‘cereja no topo do bolo’ dos nove anos de presidência de Patrick Morais de Carvalho, que não tenciona se recandidatar às eleições do clube, agendadas para 24 de junho, saindo “muito bem de consciência”.
“Entendo que a minha missão no Belenenses termina no próximo dia 20 de maio, com a final da Liga 3. Para eu poder pensar em recandidatar-me, teríamos de ter um plano orçamental sem estarmos com ‘dores de barriga’ de tesouraria todos os meses. À data de hoje, não sei se isso é possível”, frisou o dirigente, no cargo desde outubro de 2014.
Patrick Morais de Carvalho salientou nove anos “com muitos prejuízos pessoais e sem ganhar um tostão, completamente voluntário e amador, por amor ao clube e respeito à massa associativa fantástica do Belenenses”, que sempre apoiou e acreditou nas ideias.
“Se perceber que estão reunidas condições do ponto de vista orçamental, embora com o orçamento mais baixo da II Liga, para podermos honrar os compromissos que vamos ter de firmar, repensarei. Caso contrário, não serei candidato e entendo que a minha missão fica cumprida no dia 20. Acho que ninguém me pode exigir mais nada, porque dei nove anos da minha vida, juntamente com alguns colegas de direção – e desde o início já só estão dois, porque isto é duríssimo”, expressou ainda o líder do Belenenses.
Antes das eleições, terá lugar uma assembleia geral extraordinária para discutir, com os sócios, a participação nas competições profissionais e a necessidade de constituição de uma nova sociedade desportiva, depois da cisão com a anterior SAD — BSAD, da II Liga.
“Já que, do ponto de vista jurídico, continua obrigatória a criação de uma sociedade, defenderei que o Belenenses crie uma SDUQ (Sociedade Desportiva Unipessoal por Quotas), detida a 100% pelo Belenenses, mas sem prejuízo de, mais tarde, se poder vir a converter numa SAD, se assim o entendermos”, explicou Patrick Morais de Carvalho.
O Belenenses e a União de Leiria, as duas equipas que confirmaram a subida à II Liga na liderança das duas séries da fase de subida, discutem o troféu de campeão da Liga 3 no próximo dia 20 de maio, pelas 16:15, no ‘mítico’ Estádio Nacional, em Oeiras.
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