Luiz Felipe Scolari, vulgo Felipão, é uma lenda do futebol brasileiro. Penta em 2002, símbolo do 7-1 em 2014, várias vezes campeão no Brasil, reconhecido pelo bom trabalho em Portugal. Muita história para contar. Um disciplinador e motivador. Mas que não acompanhou a mudança no futebol e, aos 71 anos, parece ser um treinador de outra geração.

O seu último bom trabalho, no Palmeiras campeão nacional, não ficou marcado pelo primor tático ou pela inovação. Felipão ganhou com base na rotação de um plantel qualificado e na motivação, como sempre, dos seus jogadores mais talentosos.

No Bahia, não vai encontrar um plantem com qualidade em tanto número. Tem talento, mas não no mesmo nível. Vai encontrar cenários que só viveu em momentos iniciais da sua sua carreira, com um grupo que quer crescer e aparecer no futebol. Trabalhar para uma lenda pode ser um acréscimo anímico muito forte para este grupo de jogadores. Entretanto, num futebol mais moderno como temos hoje, com desafios táticos criados por um jogo com cada vez menos espaço, a receita de Felipão pode estar ultrapassada.

Segundo jornalistas que acompanham o clube de perto, a disputa é entre um treinador estrangeiro e o experiente Scolari. Mas a verdade é que o mercado atual é muito difícil para contratar um novo treinador.

Os mais experientes treinadores brasileiros, com currículo de vitórias, são constantemente alvo de críticas por um jogo conservador e limitado. São considerados ultrapassados. E há um hiato até os novos jovens promissores, mas sem dar segurança para um clube que quer minimizar riscos na escolha.

"O mercado de treinadores brasileiros está em migração de uma geração para outra. Enquanto uma geração mais velha, mais vencedora, está, de certa forma, a sair, a geração mais jovem ainda não tem a bagagem de títulos e conquistas suficientes para, de certa forma, garantir um bom trabalho. Este momento do mercado dificulta [a nossa tarefa]", disse Guilherme Bellintani, presidente do clube baiano ao Globo Esporte.

E, se a moda agora são os treinadores estrangeiros, a crise provocada pela Covid-19 atrapalha muito um clube médio como o Bahia para seduzir nomes com expressão internacional. Portanto, Felipão passa a ser uma boa opção de curto prazo para trazer experiência, conhecimento e, principalmente, a cultura da vitória para um clube que se quer habituar aos lugares da frente a nível nacional.

É no mínimo curioso um clube que quer primar pela modernidade na gestão e por projetos de crescimento sustentável em campo escolher um caminho mais retrógrado como Felipão. Na teoria, o cenário ideal era escolher um treinador para crescer com o clube. Mas, no mundo incerto que vivemos no futebol brasileiro de hoje, Felipão é uma figura que pode ainda pode acrescentar bastante.

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