"Acho que toda a gente percebeu o post que fiz às seis da manhã, em que disse com muita tristeza, com muita angústia, com muita mágoa perante tudo o que se passou na AG que não ia continuar. E depois temos uma conferência de imprensa às seis da tarde (...) que é lamentável porque não se pode designar ninguém para a SAD sem uma Assembleia Geral. Estão a cometer uma série de ilegalidades", começou por dizer.

Questionado quanto às ilegalidades, Bruno de Carvalho refere que "a AG foi marcada pelos artigos errados. Ninguém dos serviços pôde — e apesar de estarem abertos para isso — estar preparado para verificarem as assinaturas. Não é fácil, o sistema do Sporting é um sistema muito complexo. Eu posso posso ter 45 anos [de sócio], ter a categoria A e ter uns votos, e ter 10 anos e ter outros votos completamente diferentes", explicou.

"Vamos impugnar  [a AG] exatamente porque há uma série de razões para poder ser impugnada", porque existem "erros desde o início em que foi marcada", detalhou. "Esta AG estava ferida de ilegalidades".

"Sentimos hoje, às seis horas, na conferência do doutor Torres Pereira, uma arrogância que tem de ser explicada aos sportinguistas através de uma impugnação".

Bruno de Carvalho referiu ainda que aceita as eleições de 8 de setembro, garantindo a sua presença. "Vamos a jogo".

"Temos de mostrar aos sportinguistas que a AG estava ferida de toda a ilegalidade, temos a humildade de aceitar a mesma; independentemente de acharmos que os resultados refletem [ou não] a Assembleia Geral".

Confrontado com o facto de ter estado presente na Assembleia Geral mesmo considerando as referidas ilegalidades, Bruno de Carvalho afirma que o objetivo foi querer "que as pessoas dessem a sua voz". "Deram, independentemente de nós acharmos que os resultados são ou não são os legítimos. Aceitamos que as eleições sejam a 8 de setembro", reforçou.

"Há uma parte dos sportinguistas  — grande ou pequena — que quer algo diferente, e irá ter algo diferente. Não porque uma pessoa mude o seu caráter e a sua personalidade, mas alguém que mude a sua maneira de comunicar. Isso é perceber e ter a capacidade e a humildade de compreender, aceitando que houve muita gente que votou sim à destituição pela minha forma de comunicar. Creio que, num clube, a minha forma de comunicar é algo que é importante mas não decisivo", disse.

"A vontade dos sócios não é que nós nos vamos embora, é que se altere a forma mas não o conteúdo", acrescentou.

"Para haver substituição da SAD tem de haver uma Assembleia Geral", afirmou Bruno de Carvalho. "Em primeiro lugar temos de perceber se a comissão de gestão é ou não legítima, vamos imaginar que é — coisa que eu não acho. Mas, presidente da SAD eu ainda sou", sublinhou.

Questionado sobre o treinador contratado esta semana [Sinisa Mihajlovic] e a sua continuidade, Bruno de Carvalho respondeu de forma indireta, reforçando que que se mantém como presidente da SAD "o que significa que todos os atos que tomei, são atos que ninguém poderá por em causa sem pagar aquilo que é de lei".

A Comissão de Gestão do Clube, liderada por Artur Torres Pereira, anunciou hoje que o antigo presidente do Sporting José Sousa Cintra tinha sido nomeado para a presidência da SAD do emblema lisboeta, em substituição de Bruno de Carvalho, que então anunciou, através do Facebook, que ia impugnar a AG.

Após o término da AG, Bruno de Carvalho tinha dito aos sócios que não se candidatava “de certeza”, depois de a destituição do Conselho Diretivo por si liderado ter sido aprovada no sábado com 71,36% de votos favoráveis, contra 28,64% de votos no sentido da sua continuidade.

Artur Torres Pereira explicou, em conferência de imprensa, que a Comissão de Gestão e a solução encontrada para a SAD deverão manter-se até novas eleições para os órgãos sociais do clube, e que os membros deste órgão começarão a trabalhar a partir de segunda-feira nas instalações do Sporting.

Bruno de Carvalho publicou na sua conta de Facebook dizendo que não aceita a nomeação de Sousa Cintra para a presidência da SAD. Referiu ainda que vai impugnar os resultados da assembleia geral de sábado e apresentar nova candidatura à presidência do clube.

"Se é assim que o Torres Pereira quer então vou à luta! Não Sousa Cintra, não és o Presidente da SAD pois para isso tens de passar por muitos passos. Agora acabou. Querem guerra. Eu compro! Vou impugnar a AG e o Presidente da SAD ainda sou eu! Vou a eleições. Vamos ver quem vence. Se são a maioria dos sócios ou os "podres" e os Viscondes!", escreveu.

A Assembleia Geral de 23 de junho

Ontem, 23 de junho, aconteceu uma das mais concorridas assembleias gerais de sempre do Sporting, em que votaram 14.735 sócios. Bruno de Carvalho, que marcou presença e votou pouco depois das 20:00 de sábado, permaneceu no recinto até ao anúncio dos resultados.

A AG foi convocada com o objetivo de decidir o afastamento ou a continuidade de Bruno de Carvalho, figura central de uma crise que se agudizou com a perda do segundo lugar na I Liga de futebol e a invasão de adeptos à Academia do Sporting, em Alcochete.

Bruno de Carvalho, que em fevereiro viu uma larga maioria de sócios legitimar o seu mandato - aprovando alterações aos estatutos e ao regulamento disciplinar, e a continuidade dos órgãos sociais - é o primeiro presidente a enfrentar a possibilidade ser afastado em quase 112 anos de história do clube.

Eleito em 2013 e reconduzido em 2017, Bruno de Carvalho considerou, desde o início, que a AG é ilegal, e garantiu, mais tarde, que não marcaria presença no plenário.

Em vésperas da AG, o presidente ‘leonino’ afirmou que se afastava do cargo se a sua destituição fosse votada de forma fidedigna.

A AG foi convocada por Jaime Marta Soares em 24 de maio, numa altura em que presidente da Mesa da Assembleia Geral (MAG) já tinha dito publicamente que se demitira, embora nunca tenha formalizado o pedido.

Além da MAG, o clube ficou também sem quórum no Conselho Fiscal e Disciplinar (CFD), e o Conselho Diretivo (CD), liderado por Bruno de Carvalho, perdeu seis membros.

A maioria dos pedidos de demissão surgiram logo após 15 de maio, dia em que vários futebolistas do plantel e elementos da equipa técnica e do staff foram agredidos na Academia por cerca de 40 adeptos encapuzados, dos quais 27 foram detidos e ficaram em prisão preventiva.

Estes acontecimentos, levaram os futebolistas Rui Patrício, William Carvalho, Gelson Martins, Bruno Fernandes, Battaglia, Bas Dost, Podence, Ruben Ribeiro e Rafel Leão a rescindirem contrato alegando justa causa.

Porque o seu tempo é precioso.

Subscreva a newsletter do SAPO 24.

Porque as notícias não escolhem hora.

Ative as notificações do SAPO 24.

Saiba sempre do que se fala.

Siga o SAPO 24 nas redes sociais. Use a #SAPO24 nas suas publicações.