“Prejudica a imagem internacional de Portugal e Portugal não merece ser prejudicado assim”, disse Augusto Santos Silva, em declarações em Bruxelas, no final de uma reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia.

Para o chefe da diplomacia portuguesa, “mais importante do que isso, [este caso] é mais uma manifestação da negação da dignidade humana”.

“E devemos ser intransigentes na negação da dignidade humana”, vincou Augusto Santos Silva.

Questionado sobre o caso, o governante notou que “Portugal é um país justamente reconhecido e justamente respeitado, não por não ter racismo — porque, infelizmente, esse mal existe por muito lado –, mas por o racismo não ter uma expressão social significativa, não ter expressão política […] nem ocupar o espaço público”.

“E, infelizmente, ontem [domingo] no estádio D. Afonso Henriques, em Guimarães, o que se sucedeu foi uma exibição de racismo que, aliás, é crime em Portugal, e da qual resultou uma violentação inaceitável de um cidadão que é jogador de futebol, maliano de nacionalidade, e que tem de ser defendido”, lamentou Augusto Santos Silva.

No domingo, o avançado Marega pediu para ser substituído, ao minuto 71 do jogo da 21.ª jornada da I Liga, entre o Vitória de Guimarães e o FC Porto, por ter ouvido cânticos e gritos racistas de adeptos da formação vimaranense, numa altura em que os ‘dragões’ venciam por 2-1, resultado com que terminaria o encontro.

Jogadores do FC Porto e também do Vitória de Guimarães tentaram demovê-lo, mas Marega mostrou-se irredutível na decisão de abandonar o jogo.

Vários partidos já se pronunciaram sobre o tema, entre eles o PSD, o PCP e o Bloco de Esquerda.

Também o primeiro-ministro e o Presidente da República já falaram sobre o caso.

Numa publicação na rede social Twitter, António Costa manifestou a sua “solidariedade” com Marega e o “repúdio total” por atos racistas contra o futebolista do FC Porto, esperando que “as autoridades ajam como lhes compete” para impedir que voltem a acontecer.

O Presidente da República condenou os insultos racistas de que Marega foi alvo, lembrando que a Constituição da República é muito clara na condenação do racismo, xenofobia e discriminação.

“A Constituição da República Portuguesa é muito clara na condenação do racismo, assim como de outras formas de xenofobia e discriminação, e o povo português sabe, até por experiência histórica, que o caminho do racismo, da xenofobia, e da discriminação, além de representar a violação da dignidade da pessoa humana e dos seus direitos fundamentais, é um caminho dramático em termos de cultura, civilização e de paz social”, considerou Marcelo Rebelo de Sousa, numa declaração à agência Lusa.