As Paralimpíadas, o maior evento desportivo para atletas com algum tipo de deficiência, surgiram, oficialmente, em 1960, e, à semelhança dos Jogos Olímpicos, acontecem de quatro em quatro anos, como o SAPO24 já teve oportunidade de noticiar.

No entanto, nesta competição há algumas diferenças em relação aos Jogos Olímpicos que são importantes de realçar e que devem ser entendidas para uma melhor experiência por parte de quem assiste.

Os Jogos Paralímpicos são uma responsabilidade do Comité Paralímpico Internacional (CPI), o órgão que gere os desportos que participam nestes Jogos e que estabelece o protocolo, com as regras, de cada uma das modalidades.

Atualmente, o CPI trabalha em colaboração com o Comité Olímpico Internacional (COI) responsável pelos Jogos Olímpicos, mas cada um deles é independente, possuindo a sua autonomia e estando sediados em locais diferentes: o CPI na cidade de Bonn, na Alemanha, e o COI na cidade de Lausanne, na Suíça.

A parceria entre as duas organizações permitiu que as duas competições fossem realizadas nas mesmas cidades-sede, utilizando a mesma estrutura. Anteriormente, e durante alguns anos e edições consecutivas, por motivos financeiros e de inacessibilidade, as provas eram realizadas em locais diferentes, o que fazia com que, por vezes, estivessem até a ocorrer em simultâneo - o que levou à necessidade de diferenciar os nomes das provas.

Até ao momento, enquanto nos Jogos Olímpicos deste ano foram disputadas 45 modalidades, nos Jogos Paralímpicos estão em prova 22 modalidades: atletismo, badminton, basquetebol em cadeira de rodas, boccia, canoagem, ciclismo, esgrima em cadeira de rodas, futebol de cinco, goalball, halterofilismo, hipismo, judo, natação, remo, rugby em cadeira de rodas, taekwondo, ténis de mesa, ténis em cadeira de rodas, tiro, tiro com arco, triatlo e voleibol sentado.

Contudo, as principais diferenças estão nas categorias específicas de cada modalidade, adaptadas às deficiências do atleta: se usam próteses, cadeiras de rodas ou se têm deficiência visuais, motoras ou intelectuais. Esta é uma classificação fundamental, que garante que todos os atletas competem em condições justas e de igualdade.

O nome de cada uma das provas é seguido por um código, que, por norma, contém um número, que diz respeito ao grau de deficiência do atleta, e uma letra, que indica o tipo de prova: T, significa as provas de pista, F, indica as provas de campo o S é referente à natação.

No atletismo:

  • 1 a 13: atletas com deficiência visual;
  • 20: atletas com deficiência intelectual;
  • 31 a 38: atletas com paralisia cerebral em cadeira de rodas;
  • 35 a 38: atletas com paralisia cerebral;
  • 40: atletas com nanismo;
  • 41 a 47: atletas amputados ou outros;
  • 51 a 57: atletas em cadeiras de rodas;

No badminton:

  • WH 1 e WH 2: atletas em cadeira de rodas;
  • SL 3, SL 4 e SU 5: atletas em pé;
  • SH 6: atletas de baixa estatura;

No basquetebol em cadeira de rodas:

  • A classificação de 1, 1,5, 2, 2,5 3, 3,5, 4 ou 4,5 está relacionada com a limitação física do atleta. Quanto menor o número, mais significante é a sua limitação. Neste caso, o número total de limitação física da equipa é de 14. Se ultrapassar, a equipa incorre numa falta técnica.

No boccia (em cadeira de rodas):

  • BC1: os atletas podem competir com o auxílio de assistentes, que devem permanecer fora da área de jogo;
  • BC2: os atletas não podem receber assistência;
  • BC3: os atletas têm características funcionais mais limitadas, usam um instrumento auxiliar e podem ser ajudados por outra pessoa;
  • BC4: os atletas têm deficiências locomotoras, mas são autónomos no jogo e não podem receber auxílio;

Na canoagem:

  • 1: os atletas usam apenas os braços;
  • 2: os atletas usam o tronco e os braços;
  • 3: os atletas usam os braços, o tronco e as pernas;

No ciclismo:

  • H1 a H5: os atletas impulsionam a bicicleta adaptada com os braços;
  • T1 e T2: os atletas têm paralisia cerebral e competem em triciclos;
  • C1 a C5: os atletas têm deficiências físico-motoras ou são amputados e utilizam as típicas bicicletas;
  • B: os atletas têm deficiências visuais e utilizam bicicletas de dois lugares, que serve para o segundo atleta, que vê, ir na frente;

Na esgrima em cadeira de rodas:

  • A: os atletas têm mobilidade no tronco, são amputados ou têm limitações de movimento;
  • B: os atletas têm menor mobilidade no tronco e menor equilíbrio;

No futebol de cinco:

  • A prova é exclusiva para invisuais, com exceção do guarda-redes;
  • A bola contém guizos no seu interior para que os jogadores consigam localizá-la;
  • Há um auxiliar atrás da baliza que orienta a direção do remate;

No goalball:

  • A modalidade é destinada a invisuais, com as classes B1, B2 e B3;
  • Os atletas usam tampões oculares e viseiras opacas para garantir a igualdade;

No hipismo:

  • Classes I, II, III, IV e V: quanto menor o número, maior o grau de deficiência do atleta.

No judo:

  • J1: os atletas, com deficiências visuais, têm perceção da luz;
  • J2 : os atletas, com deficiências visuais, têm perceção de vultos;
  • J3: os atletas, com deficiências visuais, conseguem distinguir imagens:

No halterofilismo:

  • Os atletas competem deitados num banco;

Na natação:

  • 1 a 10: os atletas têm incapacidades motoras;
  • 11 a 13: os atletas têm deficiências visuais;
  • 14: os atletas têm deficiências intelectuais;

No remo:

  • AS: os atletas usam os braços e os ombros;
  • TA: os atletas usam os braços, os ombros e o tronco;
  • LTA-PD: os atletas usam os membros superiores, o tronco e as pernas;
  • LTA-VI: os atletas têm deficiências visuais;

No rugby em cadeira de rodas:

  • Classes de 0.5, 1.0, 1.5, 2.0, 2.5, 3.0 e 3.5: quanto menor a classe, menor o grau de funcionalidade do atleta;
  • A soma do grau de funcionalidade da equipa não pode ultrapassar os oito. Apenas se a equipa for mista, podendo chegar aos nove;

No taekwondo:

  • K43: os atletas que competem em Kyorugi têm os dois membros superiores amputados abaixo do cotovelo e acima ou ao nível da articulação do pulso;
  • K44: os atletas que competem em Kyorugi têm uma amputação unilateral acima ou ao nível do pulso;

No ténis de mesa:

  • 1 a 5: atletas em cadeira de rodas;
  • 6 a 10: atletas amputados;
  • 11: atletas com deficiências intelectuais;

No ténis em cadeira de rodas:

  • Open: os atletas têm uma lesão permanente num dos membros inferiores;
  • Quad: os atletas têm uma lesão permanente em, pelo menos, três membros;

No tiro:

  • SH1 (Pistola): os atletas têm um ou dois membros inferiores comprometidos, bem como o membro superior de apoio;
  • SH1 (Espingarda): os atletas têm um ou dois membros inferiores comprometidos;
  • SH2 (Espingarda): os atletas têm um ou dois membros superiores comprometidos, que precisam de suporte para a arma;

No tiro com arco:

  • Abertas: atletas de cadeira de rodas ou sem equilíbrio, tendo auxiliares de apoio;
  • W1: os atletas utilizam a cadeira de rodas para realizar os disparos;

No triatlo:

  • PTWC1: atletas em cadeiras de rodas, com grande grau de deficiência;
  • PTWC2: atletas em cadeira de rodas, com menor grau de comprometimento;
  • PTS2: atletas com deficiências graves;
  • PTS3: atletas com deficiências significativas;
  • PTS4: atletas com deficiências moderadas;
  • PTS5: atletas com deficiências leves;
  • PTVI1: atletas invisuais;
  • PTVI2: atletas com deficiências visuais graves;
  • PTVI3: atletas com deficiências visuais leves;

No voleibol sentado:

  • A modalidade é dedicada a atletas com deficiências motoras;
  • É obrigatório que um dos glúteos esteja em contacto com o chão durante o toque na bola;

Os Jogos Paralímpicos e os Jogos Olímpicos partilham o mesmo objetivo de reconhecer o desporto e valorizar os atletas, mas cada um com as suas características únicas. Enquanto as Olimpíadas se focam no tradicional, as Paralímpiadas alertam para a inclusão e superação das capacidades físicas e mentais.