“[Revelo] surpresa pelo facto de já termos contactado por duas vezes a Direção-Geral da Saúde relativamente à questão do coronavírus e não termos tido, até ao momento, qualquer informação. Não se trata apenas de ter informações relativas à nossa participação nos Jogos Olímpicos, porque esperamos recebê-las quer do Comité Organizador, quer do Comité Olímpico Internacional, mas relativamente à situação das delegações desportivas nacionais que têm um conjunto de provas agendadas e de estágios em vários países por esse mundo fora e estão naturalmente preocupadas sem saber o que devem fazer”, explicou José Manuel Constantino.
O presidente do COP indicou que endereçou dois ofícios à Direção-Geral da Saúde, em 04 e 26 de fevereiro, não tendo obtido qualquer resposta.
“Até à presente data, nem acusaram receção, nem tiveram qualquer manifestação de que o assunto estava a ser estudado e que, oportunamente, nos contactariam para prestar as informações que devem ser prestadas. Eu não estou a pedir um favor, estou a exigir aquilo que entendo que é um direito que uma organização desportiva como o COP tem relativamente à DGS, que é de ser informado sobre os cuidados que as representações desportivas nacionais devem ter nas deslocações ao estrangeiro”, sustentou.
Em declarações aos jornalistas na sede do COP, em Lisboa, à margem da conferência “O Desporto depois do Brexit”, José Manuel Constantino insistiu que era importante que o organismo estivesse munido das informações qualificadas que permitissem informar as federações sobre “os riscos que eventualmente envolvem essas deslocações e os cuidados que deveriam ter nessa matéria”.
O dirigente pontuou que não se trata apenas de deslocações para competições, uma vez que há muitos atletas que têm estágios programados noutros países. “Uns vão, outros não, e não creio que isto seja critério”, completou.
Revelando que já teve a oportunidade de escrever ao secretário de Estado da Juventude e do Desporto, João Paulo Rebelo, para dar conta do seu “desconforto” quanto à ausência de resposta da DGS, o presidente do COP confessou “estar mal habituado”.
“Há cerca de quatro anos tivemos um problema similar, com a situação do zika, enviámos um ofício para a DGS e, 48 horas depois, o Diretor-Geral de Saúde estava a telefonar-me, a dar-me o número de telefone, e a manifestar total disponibilidade para vir ao COP fazer uma ação de formação – o que fez - e a dizer que, sempre que eu tivesse necessidade, o poderia contactar, que me poria ao corrente do que houvesse desta matéria”, recordou.
Embora referindo não esperar que a “substituta” de Francisco George, Graça Freitas, tivesse o mesmo procedimento, José Manuel Constantino disse entender que, “relativamente ao COP, haveria alguma atenção”, tanto mais que já houve uma entidade desportiva - Liga Portuguesa de Futebol Profissional - que foi recebida pela DGS.
“Acho muito bem que o tenha feito, agora, acho que, nesta matéria, há também outras entidades desportivas que estão preocupadas. O COP está preocupado, precisa de estar munido de informações qualificadas para poder dar essa informação às federações desportivas, e isso não aconteceu”, reiterou.
O surto de Covid-19, detetado em dezembro, na China, e que pode causar infeções respiratórias como pneumonia, provocou mais de 3.000 mortos e infetou quase 90 mil pessoas em 67 países, incluindo duas em Portugal.
Além de 2.912 mortos na China, há registo de vítimas mortais no Irão, Itália, Coreia do Sul, Japão, França, Hong Kong, Taiwan, Austrália, Tailândia, Estados Unidos da América e Filipinas.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou o surto de Covid-19 como uma emergência de saúde pública internacional e aumentou o risco para “muito elevado”.
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