Na noite de domingo, a NASCAR informou que uma corda para enforcamento foi encontrada na garagem de Wallace.

Há menos de duas semanas, Wallace foi preponderante para convencer aquela entidade automobilística em banir a Bandeira da Confederação, símbolo de divisão entre norte-americanos, nos circuitos e nas suas instalações.

"Estamos enojados e indignados e não podemos expressar de forma mais firme a seriedade com a qual recebemos esse ato atroz", declarou a NASCAR em comunicado. "Iniciámos imediatamente uma investigação e faremos tudo o for possível para identificar a pessoa responsável e eliminá-la deste desporto". "Não há lugar para o racismo na NASCAR", continuou a entidade.

Na manhã desta segunda-feira, a procuradoria estatal informou que, em conjunto com o FBI, iniciou "a revisão da situação envolvendo a forca encontrada na garagem de Bubba Wallace para determinar se há violações da lei federal".

"Independentemente de que se possam apresentar acusações federais, este tipo de ação não tem cabimento na nossa nossa sociedade", afirmou em comunicado Jay E. Town, procurador-geral do Distrito Norte do Alabama.

Wallace, 26 anos, foi um dos muitos atletas norte-americanos que se manifestaram contra a morte de George Floyd, um ato que desencadeou a maior onda de protestos contra o racismo no país nas últimas décadas.

"O desprezível ato de racismo e ódio de hoje deixa-me incrivelmente triste e serve como um doloroso lembrete do muito que nos falta a percorrer enquanto sociedade e da persistência que temos que ter na luta contra o racismo", escreveu Wallace na noite de domingo na sua conta no Twitter.

No início do mês, em pleno clima de indignação nacional pelo assassinato de Floyd, Wallace lutou contra a proibição da Bandeira da Confederação nas instalações da NASCAR, associada por muitos ao racismo e à escravidão nos Estados Unidos. O pedido do piloto foi acatado e a proibição oficializada pela NASCAR deu-se a 10 de junho.

"Nas últimas semanas, vi-me arrebatado pelo apoio das pessoas na indústria, inclusive de outros pilotos e membros da equipa", afirmou Wallace. "Unidos. O nosso desporto comprometeu-se a impulsionar uma mudança real e a defender uma comunidade que aceita e acolhe qualquer um".

"Nada é mais importante e as ações repreensíveis dos que procuram difundir o ódio não nos dissuadirão (...) Isso não me fará desistir, não me irei render nem esconder. Vou continuar a defender, com orgulho, o que acredito", concluiu o piloto.

Nas últimas semanas, Wallace exibiu no seu carro várias mensagens de apoio aos protestos contra o racismo, como o lema "Black Lives Matter" (Vidas Negas Importam).

Apoio de atletas

Wallace, da equipa Richard Petty Motorsports, competiria no domingo na corrida GEICO 500 no circuito Superspeedway de Talladega, no Alabama, mas a prova foi adiada para esta segunda-feira devido a problemas meteorológicos.

O início da prova virou uma demonstração maciça de apoio dos restantes pilotos a Wallace, visivelmente emocionado. Dezenas de pilotos juntaram-se para empurrar o seu carro (número 43) até à parte dianteira da grelha de partida.

Wallace saiu do carro em lágrimas, enquanto um colega após o outro o abraçavam. Entre eles também estava a lenda da NASCAR — e dono da equipa de Wallace —, Richard Petty, que viajou para o Alabama aos 82 anos para acompanhar o seu piloto.

A corrida acabou por ser ganha por Ryan Blaneu (Team Penske) num final emocionante, tendo Wallace no final se aproximado das grades para agradecer o apoio de um grupo vindo das bancadas.

"O desporto está a mudar", disse Wallace, que concluiu a corrida na 14ª posição.

"Peço desculpa por não estar a utilizar máscara, mas quero que, quem quer que tenha sido [a pessoa que colocou a corda], veja que não vai tirar o meu sorriso. Vou seguir em frente", afirmou.

A GEICO 500 é a segunda corrida da NASCAR que será realizada com público nas bancadas desde que a competição retomou as suas atividades em meados de maio, após dois meses em que esteve suspensa devido à pandemia.

A 14 de junho, mil espetadores puderam presenciar ao vivo as 400 Milhas de Miami.

A corrida no Alabama é vista como o primeiro grande desafio para a proibição da Bandeira da Confederação, tradicionalmente exibida nos circuitos, mas principalmente no sul do país.

A NASCAR prevê que até cinco mil pessoas presenciem a corrida no circuito de Talladega. Pouco antes da suspensão da prova devido à chuva, um avião sobrevoou o circuito com a Bandeira da Confederação.

A esfera desportiva norte-americana tem apoiado o movimento contra a desigualdade racial e a brutalidade policial contra os negros, em resposta à morte de George Floyd.

Diversos atletas manifestaram o seu apoio a Wallace nas últimas horas, como LeBron James (NBA) ou o piloto de Fórmula 1, Lewis Hamilton.

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