A primeira medalha do surf na estreia da modalidade nos Jogos Olímpicos foi para o australiano Owen Wright, que na terça-feira derrotou o brasileiro Gabriel Medina por apenas 0,2 pontos na praia de Tsurigasaki.
A história de Wright, todavia, é bastante mais impressionante tendo em conta que o australiano teve literalmente de reaprender a andar — quanto mais a colocar-se numa prancha de surf — para chegar até aqui.
Recapitulemos: em dezembro de 2015, Owen Wright encontrava-se numa prova no Havaí, no famoso (e notoriamente perigoso) Banzai Pipeline para tentar vencer o título mundial de surf. Após duas heats perfeitas, o australiano preparava-se para se sagrar vitorioso quando o desastre aconteceu, ao cair de uma onda de 4.5 metros, conforme descreve o jornal The Guardian.
A queda resultou em concussão e danos cerebrais traumáticos e Wright, de volta à Austrália, perdeu a capacidade de locomoção. Desde então, o surfista teve de reaprender a andar e surfar. Demoraria quatro meses a voltar a colocar-se numa prancha e um ano até competir — durante esse período, registe-se, a sua irmã, Tyler Wright, venceu a Liga Mundial de Surf feminina.
Wright regressou às competições da Liga Mundial de Surf em 2017 e venceu até a primeira prova em que concorreu. Outras se seguiram, mas o surfista ainda não foi capaz de regressar à sua forma pré-lesão, apesar de manter uma performance impressionante desde que regressou.
Por isso mesmo, esta vitória foi celebrada com particular vigor, com Wright a admitir que se sentia a "andar nas nuvens" depois da conquista. "Já tive uma lutas danadas e todos os meus amigos próximos e família mantiveram-se a meu lado. Ao regressar daquilo [a lesão], tinha esta objetivo de estar aqui de medalha ao pescoço, só não sabia a cor, e isso definitvamente levou-me a atravessar aqueles momentos difíceis", disse após a vitória.
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