Um jogo. Duas equipas rivais. O El Clásico: FC Barcelona - Real Madrid não pode ser descrito assim de forma tão curta e seca. É muito mais que uma partida de futebol entre dois emblemas que competem no campeonato espanhol. Desde o primeiro duelo na Copa da Coronacíon (que antecedeu a Taça do Rei), em 1092 e na qual o Barcelona venceu por 3-1, nasceu uma rivalidade que extravasa o que se passa nos noventas minutos no campo.

Um Barça-Real ou vice-versa, ultrapassa o domínio do futebol, entrando no capitulo político, económico e social. É jogo global? Sim, é. Mas é, para quem vibra e sente as duas camisolas, acima de tudo uma questão local. De afirmação.

Este ano, pela primeira vez em nos últimos 11, fica marcado pela ausência da rivalidade da década que marcou a Liga espanhola e o mundo do futebol. Cristiano Ronaldo já não está na equipa da capital de Espanha e Leo Messi está lesionado e, por isso, de fora dos convocados da formação blaugrana. Ou seja, a narrativa que foi escrita desde dezembro de 2007 no futebol espanhol, e mundial, encerra com um ponto parágrafo. Não há ponto final.

Mas um El Clásico é e será sempre um El Clásico, independentemente dos intervenientes. A história, essa, continua. Se este ano não há, nem nos próximos, haverá Messi-Ronaldo, um duelo com foco mundial, carregado de respeito mútuo entre os artistas, a nível local, há uma rivalidade que talvez encerre muito mais o espírito deste jogo especial e, que por culpa dos dois astros mundiais, passou despercebida ao longo dos anos. Falamos de Gerard Piqué (Barça) e Sergio Ramos (Real de Madrid).

Este duelo que surge na defesa de cada uma das equipas assumiu proporções de clivagem pessoal (foram durante anos colegas na seleção espanhola) e ultrapassa a esfera do futebol, resumindo a componente sociopolítica deste duelo secular entre um emblema da cidade condal (Barcelona) e a formação da capital de Espanha (Real de Madrid).

Outra das particularidades é que este será o primeiro duelo de gigantes que contará com o VAR (vídeo-árbitro). E sobre o que se passa dentro de campo, o conjunto liderado por Ernesto Valverde entra esta tarde em Camp Nou em segundo lugar na La Liga com 18 pontos (o Atlético Madrid lidera com mais um ponto e mais um jogo). Já o onze de Julen Lopetegui vem de um período conturbado a nível interno (8º com 14 pontos) e de uma derrota caseira diante o Levante (1-2), mas com o “peso” de três anos e meio sem perder na casa do eterno rival.

29 câmaras transmitem as incidências do El Clásico a nível global para um público potencial de 650 milhões de pessoas. Em Portugal o duelo será transmitido (15h15) pela Eleven Sports.