Nomeado pela Comissão de Gestão que sucedeu ao ex-presidente Bruno de Carvalho para liderar a equipa em 2018/19, o técnico português acabou por deixar o clube em 1 de novembro de 2018. Foi substituído mais tarde por Marcel Keizer (após três jogos com Tiago Fernandes como técnico interino), com o holandês a conquistar Taça da Liga e Taça de Portugal.

"Dentro do tempo que tínhamos, o trabalho foi excelente. Não fomos atrás de um mercado que naquela altura não tinha muito boas soluções, mas que nos pressionava a toda a hora para contratar. Poupámos muito dinheiro ao Sporting, porque isso era encher um plantel que também já estava cheio de jogadores que acabaram por não render muito, porque não tinham qualidade para jogar e não foram contratados nem por mim, nem pela Comissão de Gestão", afirmou.

À margem da intervenção no ciclo de conferências ‘Bola Branca', da Rádio Renascença, em Lisboa, o treinador, de 59 anos, sublinhou que os "adeptos têm de dar mérito à época do Sporting, em função do que foi o início da temporada", aludindo ao ataque à Academia do clube, em Alcochete, e à posterior destituição da liderança, deixando o clube mergulhado numa pesada crise.

"Lembro-me do dia da apresentação em que havia tarjas a dizer ‘Negócio de rescisões, negócio de milhões’. Houve jogadores que regressaram e diziam-me que não queriam ficar, porque não tinham condições. Pagámos um pouco por isso, com uma apresentação terrível em que fomos assobiados", recordou.

Mais de meio ano depois da segunda saída do clube - a primeira teve lugar em 2005/06 -, José Peseiro não deixou de lamentar que o trabalho que fez nesta passagem não tenha recebido o reconhecimento dos dirigentes, ao contrário do que viu da parte de Marcel Keizer e do capitão Bruno Fernandes.

"A decisão do presidente do Sporting de rescindir comigo passa pelas suas escolhas e tive de aceitar. Sei o trabalho que fizemos, o próprio Marcel Keizer disse isso, que o anterior treinador fez um grande trabalho. É pena que outras pessoas não o tenham dito, mas pelo menos ele e o capitão Bruno Fernandes disseram isso. Basta para eu ficar satisfeito", afirmou, classificando como "bom" o trabalho do holandês de 50 anos.

Na mesma linha de raciocínio, o médio português foi fortemente elogiado pelo treinador, que vincou que o "Sporting deve muito a Bruno Fernandes" a época alcançada, considerando-o "um grande capitão" e desejando a eventual saída do jogador neste verão "para um clube de grande dimensão" internacional.