Uma verdadeira parada de estrelas do râguebi mundial e nacional. O Estádio de Honra do Centro de Alto Rendimento do Jamor foi ontem palco de um encontro de lendas da bola oval no dia em que se celebrava o centenário do nascimento de Nelson Mandela, presidente da África do Sul (1994-1999), antigo ativista político e Nobel da Paz que está para sempre ligado à modalidade quando, no Mundial de 1995 realizado na África do Sul os Springboks sagraram-se campeões depois de baterem na final a Nova Zelândia (All Blacks).
O Mandela Legends Cup opôs os South African Legends, equipa constituída por antigos jogadores da África do Sul e os Portuguese Barbarians Lengends, formação que tinha na base jogadores que defenderem as cores nacionais no Mundial de 2007, disputado em França, reforçada com internacionais vindos de outras paragens. “Ao todo, 9 campeões do mundo”, apontou Tim Vieira, empresário sul-africano, lusodescendente e responsável pelo jogo destas lendas vivas do râguebi.
Do lado sul-africano, liderados por Ian MacIntosh, pontificava Percy Montgomery, (melhor marcador de sempre do país e com mais de 100 internacionalizações), Jean de Villiers, outro “centenário”, Butch James, Mac Masina e Stefan Terblanche.
Chester Willians, jogador que esteve presente no Mundial de 1995 (único jogador negro de então e que se viria a tornar amigo de Mandela) foi a figura de cartaz, tirando diversas “selfies” com vários aspirantes a jogadores, gente mais graúda e com a comunidade sul-africana presente no encontro.
Tomaz Morais foi o treinador dos Portuguese Barbarians Legends, liderando, para além dos “Lobos” Vasco Uva, João Correia, Rui Cordeiro, Gonçalo Malheiro, Miguel Portela, o capitão Luís Pissara, e os reforços de peso, Shane Williams (País de Gales) e Kelly Brown (Escócia) e os All Black’s, Walter Little e Frank Bunce.
Gritos, ligaduras, placagens e massagens
Alguns poderiam estar, à partida, demasiados velhos para jogar. Mas uma espreitadela aos balneários e depressa nos apercebemos que aqueles verdadeiros “armários” estão prontos para a luta. Uns rondavam os 2 metros de altura e atingiam largamente os cento e muitos quilos de peso.
O cheiro a creme, as ligaduras e o chamamento do jogador pelo número das camisolas faz recuar a memórias dos grandes jogos internacionais. Do lado dos SA African Legends, um pormenor acrescentado. Uma fita preta em memória de um dos “seus”, do grupo de ex-jogadores criado em 2003 que tem por intuito divulgar a modalidades em todas as classes sociais e raças.
O Quinze português optou por fazer um grito de guerra antes do apito dado pela árbitra Filipa Jalles.
Com o peso da idade de muitos deles a serem ultrapassados pela alegria e em entrega ao jogo, não faltaram boas e duras placagens, disputas no ruck, mêlés, rápidas trocas de bola de mão e os aguardados ensaios durante os 60 minutos regulamentares.
Se no primeiro tempo, a formação portuguesa estava a ganhar por 9-0, nos restantes 30 minutos viriam a ser “atropelados” por 29-12.
No final, o habitual “corredor” de cumprimentos entre vencedores e vencidos, o tradicional convivo com adeptos que ora tiravam fotografias, ora conversavam ou pediam, alguns de forma bem persuasiva, camisolas, calções ou meias dos artistas que estiveram em campo.
Em campo mas em funções mais diplomáticas, Chester Willians não deixou a oportunidade da presença em Portugal e resume Nelson Mandela numa palavra: “Icónico”. Peter Montgomery optou por “humildade”
Com as famílias no relvado, Lourenço Cunha, um dos jogadores que vestiu as cores do Portuguese Barbarians, soltou um comentário para a bancada. “Não me lesionei”.
A passagem dos SA Legends culminou num jantar de gala e num leilão que angariou 14 mil euros para a Fundação Mandela, Fundação das lendas sul-africanas e para a Escola da Galiza.
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