"Bom dia. Não sei se vou conseguir falar. Nos últimos dias pensei no que ia dizer, mas a verdade é que não sei. Isto é muito difícil para mim. Estive aqui toda a minha vida. Não estou preparado", começou por dizer Messi, de 34 anos, claramente emocionado, com a família a assistir na primeira fila numa plateia repleta de jornalistas. Pode recordar a conferência em direto aqui.
"Dei tudo por esta camisola, desde que aqui cheguei. Nunca pensei no que ia dizer porque nunca pensei que iria sair. O ano passado sabia o que queria, mas este ano não. Este ano a minha família e eu estávamos convencidos que íamos ficar aqui, em casa, era tudo o queríamos", disse, naquela que foi a despedida do argentino aos adeptos, simpatizantes e sócios do FC Barcelona.
"O tempo que aqui passámos tem sido incrível. Hoje tenho de dizer adeus a tudo isto. Depois de 21 anos vou-me embora. Não vos posso dizer que daqui a uns anos não voltaremos porque esta é a nossa casa. Prometi isso aos meus filhos. Aconteceram tantas coisas bonitas, algumas más, mas tudo isso ajudou-me a crescer e a ser a pessoa que sou hoje", atirou, antes de concluir que "não podia estar mais orgulhoso de tudo o que fiz aqui e de certeza que vou voltar".
Depois de uma intervenção inicial por parte do jogador, foi a vez de os jornalistas presentes fazerem perguntas. Questionado se quando chegou de férias de Ibiza tinha em mente a saída, Messi foi peremptório: não. E quando chegou à parte de responder à pergunta se o clube fez realmente tudo para que ficasse, respondeu que não sabia.
"Não sei. Para mim é claro que fiz tudo o que era possível. Laporta disse-me que não podia fazer mais. Fiz tudo o que era possível. Não conseguimos por causa da La Liga. Foram ditas muitas coisas sobre mim, de que eu não queria continuar. Da minha parte, fizemos tudo o que podíamos porque eu queria ficar. O ano passado quis sair, mas este ano não. Queria ficar. E não pude", disse.
O internacional albi-celeste também fez questão de deixar uma palavras aos adeptos do conjunto culé: "Queria agradecer o carinho das pessoas, mas gostaria de me ter despedido de outra fora, não assim. Gostaria de o ter feito perante as pessoas, no campo, poder escutar o último carinho do público".
"Custou muito neste tempo de pandemia não ter o público por perto, o apoio ao festejar, escutar uma ovação. Retiro-me deste clube sem isso", lamentou, acrescentando: "As coisas aconteceram assim, mas agradeço o carinho de todos estes anos, que foi o mesmo, nos bons e nos maus momentos por que passámos".
Messi deixou claro que sentiu sempre "o reconhecimento e o amor" dos adeptos e disse esperar "voltar algum dia para fazer parte do clube" e "contribuir com algo para o que clube continue a ser o melhor do Mundo".
Apesar do "balde de água fria" que foi a não concretização do acordo que tinha para mais cinco anos, algo "triste e duro", Messi não deixou dúvidas: "A minha intenção foi ficar. Não foi possível e agora tenho de procurar o meu caminho e continuar a ganhar".
"As pessoas do Barça conhecem-me, sabem que quero continuar a competir. Se continuasse, iria continuar a lutar por ganhar tudo e entenderão que queira continuar a somar títulos. Felicito o Dani [Alves] pela medalha olímpica ir quero ir atrás [do seu recorde de títulos], pois estou perto", garantiu.
Entre os objetivos está a Champions, que ganhou por quatro vezes no FC Barcelona: "Voltar a ganhar a Champions será um dos meus objetivos".
"Não sei quanto tempo me resta, depende de como me sentir fisicamente. Graças a Deus, não tive lesões graves na minha carreira – deixa-me tocar na madeira. Até que der, vou tentar", disse.
Messi frisou igualmente que as notícias que davam conta de que tinha pedido um aumento de vencimento não são verdadeiras, esclarecendo que fez tudo o que estava ao seu alcance, aceitando inclusive uma redução do seu ordenado em 50%. Porém, perante as regras em vigor, tal não foi suficiente para que pudesse continuar com as cores dos 'culé'.
Em resposta a outra questão que lhe foi endereçada, sobre se este momento era o mais difícil da sua carreira, o jogador não teve hesitação em assinalar que sim.
Já sobre o futuro, o astro garantiu que ainda não sabe qual é o seu destino, mas que o Paris Saint-Germain "é uma possibilidade".
"Não está nada fechado, mas estamos conversar", acrescentou, embora antes tenha dito que "há outros interessados".
A sessão durou sensivelmente 40 minutos e terminou com uma ovação de pé dos jornalistas — muitos igualmente emocionados — e colegas presentes ao jogador.
O anúncio da saída que chocou o mundo do futebol
Na quinta-feira, o ‘Barça’ avançou com a saída de Messi do clube, divulgando que, “por razões económicas e estruturais”, não era possível inscrever o jogador na Liga espanhola, já que o clube não conseguiria cumprir o ‘fair play’ financeiro.
Um dia depois, foi a vez de o presidente do clube, Joan Laporta, explicar que renovar com Messi seria “colocar em risco” o futuro do clube catalão, que, disse, estar “acima de qualquer jogador, inclusive do melhor do mundo”.
O argentino, que venceu seis vezes a Bola de Ouro e outras tantas a Bota de Ouro, pode mudar pela primeira vez de clube, aos 34 anos, e depois de 672 golos, 778 jogos e 34 títulos na equipa principal dos catalães.
Messi, que chegou ao 'Barça' quando tinha 13 anos, estreou-se pela equipa principal em 2004/05 e, em 17 épocas, arrebatou, entre outros troféus, quatro Liga dos Campeões e 10 ligas espanholas.
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