Nova-Zelândia-Uruguai, hoje (20h00), em Lyon, marca o arranque dos oito jogos finais da última jornada da fase de grupos do campeonato do mundo de râguebi.

Inglaterra (Grupo D) e País de Gales (C) são, para já, as únicas seleções garantidas nos quartos de final do Mundial França 2023. Até dia 8, das 16 nações em ação, seis procuram seguir em frente para a fase das eliminatórias, quatro olham por uma vaga que lhes assegure um lugar no mundial de 2027, na Austrália, e outras lutam pela honra da primeira vitória no França 2023 (Portugal e Geórgia, Grupo C) ou primeiros pontos (Roménia e Tonga, Grupo B). São contas e contas de cabeça a olhar para a classificação dos quatro grupos.

No Grupo C, a Austrália, bicampeã mundial (1991 e 1999), tem o seu destino nas mãos de uma seleção portuguesa à procura do primeiro triunfo após três “vitórias morais” assinaladas frente a País de Gales, Geórgia e à seleção australiana.

No “grupo da morte” (B), a Escócia pode “matar”, prematuramente, um campeão do mundo (África do Sul) ou uma seleção líder do ranking (Irlanda) e no grupo D, há uma final marcada: Japão-Argentina. No Grupo A, onde mora o anfitrião, França e a Nova Zelândia, as probabilidades apontam que Les Bleus e All Blacks sigam para a fase onde sempre estiveram, mas Itália e Uruguai espreitam, entre quadros mais ou menos surrealistas, chegar ao 2.º lugar. Mais realista, é o acesso ao Mundial 2027.

Portugal sonha, Austrália ainda vive

No Grupo C, Portugal (2 pontos) e Geórgia (3 pts) sabem que não vão para os quartos, nem chegam, tão pouco, ao 3.º lugar, a tal via aberta para o campeonato do mundo em território australiano. Para ambos, estará em disputa a primeira vitória, a honra do 4.º lugar e a fuga à última posição.

Tomás Appleton, capitão dos lobos, traçou o último objetivo da campanha de Portugal em França, instantes após a derrota frente à Austrália. “Ainda temos mais uma hipótese para ganhar”, disse. Será esse o mantra dos lobos na despedida de Patrice Lagisquet, o francês que pegou na seleção nacional em finais de 2019.

Entre a vontade e a realidade, as Fiji (10 pontos) será a montanha no caminho da seleção portuguesa. Uma partida que impactará igualmente com o destino da Austrália (11 pts e já de contas fechadas do grupo por terem disputado os 4 jogos), mantendo o suspense até ao último segundo do encontro número 40 que encerra a fase de grupos do campeonato do mundo, dia 8, às 20h00, em Toulouse.

O País de Gales, já apurado quando enfrentar a Geórgia (sábado, 14h00, em Nantes), entra à espera de saber se termina no topo da classificação, numa partida na qual os lelos lutam por pontos que os coloque a salvo de serem ultrapassados por Portugal. Por falar em pontos, um apenas dará à nação das ilhas do Pacífico Sul o bilhete para juntar-se a galeses no mata-mata. Mas, se, acontecer uma vitória lusa e fijianos ficarem em branco, sem ponto de bónus defensivo, a seleção australiana continuará viva depois de lhe ter sido declarado o óbito após a dupla derrota diante Fiji e País de Gales.

Les Bleus e All Blacks favoritos

No Grupo A, um país já regressou a casa. A Namíbia completou os quatros jogos e saiu do Mundial da mesma forma que entrou. A zeros. Em 6 edições, os welwitschias têm um portfólio de 26 derrotas e um empate (Canadá, em 2019).

Na teoria, França (enfrenta a Itália, na sexta), na liderança e Nova Zelândia (Uruguai), em segundo no grupo, são os senhores que devem seguir para as eliminatórias. Retirando do filme resultados improváveis de uma gorda vitória dos Los Teros (Uruguai necessita de somar mais de 80 pontos) ou italiana frente a franceses, os azzurri terminam em 3.º e apanham o comboio para a Austrália. A derrota uruguaia tira qualquer dúvida, ou, mesmo que o improvável aconteça, um ponto apenas colocará italianos entre quem se disputará o título mundial.

O grupo da morte pode matar uma campeã ou a número 1

No Grupo B, apelidado “da morte”, Tonga e Roménia ainda não pontuaram, já declararam o adeus ao França 2023, não dizem olá ao Austrália 2027 e jogam entre si na despedida para saber quem fica em último.

Os três lugares cimeiros deste super grupo estão atribuídos e três nações, Irlanda, África do Sul e Escócia, separados por cinco pontos, lutam por dois bilhetes para a fase a eliminar da competição.

A África do Sul, campeã do mundo em título, fechou a sua participação, está no topo da classificação, com 15 pontos e assistirá no hotel ao Irlanda-Escócia (sábado, em Paris).

Entre vários cenários, os irlandeses (14 pts) apresentam-se em ligeira (teórica) vantagem na partida sobre a Escócia (10 pts), um encontro transportado do torneio das Seis Nações para o mundial. Se ganharem, empatarem ou perderem com ponto de bónus defensivo (derrota por menos de 8 pontos), sem que os escoceses, mesmo ganhando, não somem pontuação extra, a seleção do trevo continuará na prova juntamente com sul-africanos, passando os escoceses a acompanhar a competição pela televisão.

Uma vitória da Escócia, sem qualquer ponto da Irlanda, fará com que se juntem a sul africanos. Os Sprinbocks podem levar uma vassourada do topo e tombar para 3.ª (i.e ficar fora do mundial de França) caso o duelo entre as duas nações britânicas termine (pouco provável) com uma vitória escocesa por mais de 21 pontos de diferença e os irlandeses somem ponto bónus (marquem mais de 4 ensaios). Uma vitória escocesa em que as duas equipas somem pontos extras, fará com que as três equipas terminem igualadas a 15 pontos e entrará em campo os critérios de desempate: duelo entre as nações e diferença de pontos marcados e sofridos.

Expetante, Jacques Nienaber, selecionador sul-africano, deixou cair. “Poderei acreditar num cenário que eles decidirão “queremos somar tais pontos que coloquem a África do Sul fora do caminho?”, isso provavelmente seria match-fixing, diria, espero que não”, exclamou.

A final Argentina-Japão

Por fim, no Grupo D, há três garantias. A Inglaterra, vice-campeã do mundo está nos quartos, Chile terminou o primeiro mundial sem somar qualquer ponto e o Argentina-Japão, empatados a 9 pontos, determinará quem se junta às sete seleções na fase seguinte do França 2023 e quem começa a preparar o Austrália 2027.

Uma vitória ou mesmo um empate entre Pumas e Brave Blossoms fará cair os pratos da balança para cada um dos lados onde o peso dos pontos extra entra na medição, uma classificação sem olhar para Samoa (6 pts), a correr por fora no embate com a seleção da Rosa. A seleção semifinalista 2019 já garantida, ao lado do seu vizinho, País de Gales no arranque do mata-mata do campeonato do mundo, França 2023.