O caso ocorreu ontem durante o segundo set da partida entre Emma Raducanu e a australiana Ajla Tomljanovic, 75ª do ranking da WTA, para determinar qual a apurada para os quartos de final do torneio de Wimbledon.

A jovem britânica de 18 anos, que participou como convidada do tradicional torneio londrino após receber um 'wild card' fez um jogo duro no primeiro set e levantou os fãs. Mas no segundo set, sentiu dores de estômago e começou a hiperventilar, acabando por precisar de atendimento médico.

Após alguns instantes, foi anunciada a desistência, terminada oficialmente por problemas de respiração. No entanto, para John McEnroe, a causa pareceu ser outra.

O lendário ex-tenista norte-americano, por três vezes campeão em Wimbledon, ocupa agora a posição de comentador da BBC, traçou paralelos entre a desistência de Raducanu e o caso de Naomi Osaka, que abandonou o Roland Garros e saltou este torneio londrino por problemas de depressão e ansiedade.

“Eu lamento pela Emma, obviamente. Parece que isto foi tudo um bocadinho demasiado, o que é compreensível, particularmente tendo em conta o que tivemos a falar durante as últimas seis semanas com o facto de Osaka não estar aqui”, disse, citado pelo The Guardian.

No seu entender, Raducanu tem de aprender “com os rapazes e as raparigas que já estão nestas andanças como é que lidam com isto” e o facto de ter acontecido aos 18 anos foi bom para ela, traçando paralelos com a sua própria carreira.

“Talvez não seja uma vergonha para ela que tenha acontecido agora aos 18 anos. Eu joguei este torneio com 18 anos e, de certa forma, fiquei feliz por perder. Pude compreender o que seria necessário para conseguir ganhar”, concluiu.

Estas considerações foram mal recebidas por vários fãs da modalidade, que acusaram McEnroe de misoginia por concluir que os problemas de Raducanu foram de origem mental, e não física, por ser “demasiado emocional”.

“Estará ele bêbado? E haverá algo mais irritante do que um homem a dizer a uma mulher que ela não está magoada, apenas emocional? Não, não há. Façam-no parar”, escreveu a jornalista Harriet Minter.

Já Alex George, médico e personalidade televisiva no Reino Unido, disse não ter conhecimento prévio de que McEnroe “tinha qualificações médicas ou que tinha visão raio-x”.

O caso também levou as pessoas a recordar a própria postura de McEnroe, que, apesar do talento que o levou a ser nº1 do Mundo, ficou conhecido pelos seus ataques de raiva nos courts, destruir raquetes e discutir com os oficiais das partidas.

A própria Tomljanovic acabou por reagir às considerações do ex-tenista, considerando-as “definitivamente duras” e defendendo a sua oponente. “Não consigo imaginar-me estar na posição dela, a jogar aos 18 anos na quarta ronda no meu país natal”, disse a tenista australiana, adiantando já ter atravessado os mesmo problemas físicos.

Tomljanovic, que nunca tinha passado da segunda ronda em Wimbledon nas suas cinco primeiras participações, vai enfrentar a sua compatriota Ashleigh Barty. "Não me caiu ainda a ficha de que estou nos quartos de final, dadas as circunstâncias", admitiu.