“Foi incrível participar neste evento emblemático. Era um sonho de criança surfar no evento mais respeitado de ondas grandes. Só fazer parte dos participantes é um grande orgulho e sinal que fiz algo certo na minha carreira”, realçou à Lusa o atleta de 32 anos, a partir da ilha de Oahu.
Nicolau von Rupp foi o 22.º classificado, em 40 participantes, sendo o único representante europeu masculino, já que a outra única europeia foi a francesa Justine Dupont, numa prova disputada em condições ‘bombásticas’ que contou com 35 homens e cinco mulheres.
“Estou muito contente com a minha evolução nos últimos anos. Sinceramente, pensava que nunca ia ser convidado para este campeonato. Ser convidado como português, que passa a maior parte do tempo a surfar na Nazaré, e também na Irlanda, e com muito menos horas no Havai, mostra que lá foram respeitam a evolução do surf nacional e o grande impacto da Nazaré”, sublinhou.
O surfista da Praia Grande disse que foi “verdadeiramente uma honra” ter a oportunidade de representar os ‘big riders’ [surfistas de ondas gigantes] lusos, considerando que há outros talentos nacionais que também mereciam a oportunidade, como João de Macedo, Miguel Blanco, Alex Botelho ou Hugo Vau, e logo num campeonato que decorreu com condições épicas.
Em 40 anos, o evento que presta homenagem ao havaiano Eddie Aikau, pioneiro do surf em ondas gigantes, só se realizou nove vezes, uma vez que a organização só avança com a prova quando estão reunidas condições perfeitas.
“A maior parte das pessoas consideraram que ontem [domingo] tivemos as melhores condições de sempre, e tenho a certeza que esta edição vai ficar para a história do surf mundial. Eu já não surfava esta onda há 15 anos – a primeira onda gigante que apanhei foi mesmo em Waimea Bay -, e quero voltar e ter a oportunidade de vencer. Acredito que consigo”, lançou Nic von Rupp.
O surfista luso entrou com tudo nas potentes ondas de 20 metros, terminando a primeira ronda no quarto lugar, e com boas perspetivas de avançar para os oito finalistas, mas na segunda ronda o seu desempenho baixou e terminou no 22.º posto.
“A primeira ronda correu-me muito bem. A segunda não correu tão bem como a primeira e acabei por ficar a meio da tabela. Mas sinto que participar é o mais importante e estou muito motivado para os dois eventos que faltam nesta época [Nazaré e Jaws]”, sublinhou.
Nic von Rupp é o único surfista europeu convidado para participar nas quatro competições do circuito mundial de surf de ondas gigantes: Tudor Nazaré Tow Surfing Challenge, Quiksilver Jaws Big Wave Challenge, Eddie Aikau Big Wave Invitational e Vans Pipe Masters, estas três últimas no Havai (e as duas últimas já realizadas).
“Batalhámos muito para chegar onde chegámos. Sinto um orgulho enorme na evolução do surf português em todas as vertentes. Acho que esta minha participação no Eddie Aikau representa uma mudança e deixa as portas abertas para as novas gerações”, vincou.
Questionado sobre o desgaste físico que surfar ondas tão poderosas causa, ainda mais em contexto competitivo, e aliado às longas viagens que implica a participação nestas provas, Nic von Rupp admitiu que não é fácil, mas que o entusiasmo é maior do que o cansaço.
“As últimas semanas têm sido muito intensas, com várias viagens entre Portugal e o Havai, e uma surf ‘trip’ [viagem] ao Cortez Bank, na Califórnia, onde também apanhámos ondas incríveis. É exaustivo, mas há um propósito maior e é isso que nos dá motivação”, salientou.
A última edição do Eddie Aikau Big Wave Invitational tinha sido realizada em 2016 e foi assistida por 1,2 milhões de fãs durante a transmissão ao vivo do evento em mais de 200 países, com o havaiano John John Florence, bicampeão mundial do circuito principal da Liga Mundial de Surf (WSL) a sair vencedor.
Desta feita, e com os principais nomes do surf de ondas gigantes, e não só, John John Florence foi vice-campeão, com o compatriota Luke Shepardson, nadador-salvador local – tal como o histórico Eddie Aikau – a sagrar-se vencedor.
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