Dragões e leões entraram no Clássico a degladiarem-se por um resultado que lhes permitisse "arrumar" com o adversário, no caso do FC Porto, ou deixar a liga numa "loucura", no caso dos leões (e parafraseando declarações ontem proferidas por Paulo Futre).

Começou a todo o gás a turma de Sérgio — como tem sido hábito durante o campeonato, de resto —, encostando os leões "às cordas" e tentando adiantar-se no marcador. O protagonista? Moussa Marega. O avançado maliano cabeceou ao poste na sequência de um canto (na recarga voltou a cabecear mas Bryan Ruiz tirou a bola em cima da linha) e surgiu isolado à frente de Rui Patrício, rematando ao lado.

Não marcou Marega, marcou... Marcano. A cruzamento de Herrera, o central espanhol subiu mais alto que toda a gente e cabeceou para o fundo da baliza dos leões, inaugurando assim o marcador e adiantando-se a um Sporting que, entretanto, tinha reequilibrado a partida em matéria de oportunidades de golo, principalmente por Doumbia, que voltou a não ser feliz no momento da finalização. Essa toada, de parada e resposta, de equilíbrio, marcou toda a partida. "Foi um grande jogo", disse Jorge Jesus no final, na flash interview. E foi mesmo: com emoção, com oportunidades de parte a parte, com um Dragão forte e com... Leão.

Quando aos 44 minutos do primeiro tempo, o técnico do Sporting foi obrigado a substituir Doumbia e optou por Rafael Leão (em detrimento de Montero), alguns podem ter franzido o sobrolho. Mas não o jovem Leão, que com 18 anos de idade e muito futebol nos pés fez o empate para os leões praticamente na primeira vez que tocou na bola (a passe de Bryan Ruiz). Foi ele uma das figuras de um grande jogo e dos destaques do Clássico, não só pelo golo marcado, mas também por uma incrível perdida já perto do final que podia ter dado o empate aos comandados de Jorge Jesus. Mas já lá iremos.

Chegávamos ao intervalo com o marcador igualado e o início do segundo tempo quase que imitou o primeiro. O FC Porto entrou forte, pressionante, e acabou por marcar e voltar a ficar à frente no resultado. Brahimi recebeu um cruzamento atrasado de Gonçalo Paciência (que substituiu Soares no onze inicial dos portistas) e com toda a calma do mundo "penteou" a bola do pé direito para o pé esquerdo para, com a canhota, rematar para voltar a adiantar os dragões no Clássico.

Já depois da expulsão (!) de elementos da equipa médica ao serviço no Estádio do Dragão, na sequência de um desentendimento com Fábio Coentrão que provocou o "clássico" sururu dos Clássicos, o Sporting CP partiu em busca do empate que lhe permitisse manter-se ainda na luta pelo título. Jesus trocou Ristovski por Ruben Ribeiro e depois Coentrão por Montero, mas a verdade é que os leões desperdiçaram três oportunidades para chegar ao empate. Primeiro por Ruiz, depois por Montero (grande defesa de Casillas) e finalmente por Leão, que na cara do guardião espanhol atirou por cima.

No meio do pressing final dos leões, também o FC Porto esteve perto de "matar" o jogo, num chapéu de Marega que Battaglia tirou em cima da linha e que acabou por significar o final da partida para o avançado do Mali, que seria substituído por Diego Reyes.

Vitória do FC Porto (que ainda tem de ir jogar ao Estádio da Luz), que deu mais um passo em direção ao título nacional que lhe foge desde 2013. O Sporting CP, por seu turno, pode ter "ganho" um jogador (como disse Jorge Jesus na flash interview, referindo-se a Rafael Leão) mas vê agora o título muito mais difícil.