Se a luta pela última posição de acesso à Liga dos Campeões está a ser disputada por Chelsea, Leicester e Manchester United, os dois lugares de despromoção — o terceiro já está ocupado e confirmado pelo Norwich City — tentam ser evitados por quatro equipas. Aston Villa, Bournemouth, Watford e West Ham lutam com todas as forças que lhes restam pela permanência na Premier League, algo que pode significar nada mais, nada menos, que cerca de 200 milhões de libras.
Por isso, hoje a nossa atenção vai inteirinha para aquele que poderá ser o jogo mais caro do ano em toda a Premier League: a visita do Watford ao West Ham United.
Com ambas as equipas empatadas na tabela classificativa e com a mesma vantagem em relação a Bournemouth e Aston Villa — três pontos —, o jogo de hoje, sexta-feira, 17 de julho, promete ser disputado até à última gota de suor. O futuro próximo de uma delas poderá muito bem depender de tal.
A derrota para qualquer dos lados poderá trazer muitos problemas. Não só pela extrema dificuldade nas jornada seguinte para ambas as equipas (Watford e West Ham vão enfrentar, respetivamente, Manchester City e Manchester United), mas também pela possibilidade de o Aston Villa poder surpreender o Arsenal - que tem uma meia-final e possivelmente uma final da Taça de Inglaterra com que se preocupar - e pela hipótese do Bournemouth levar de vencido o Southampton.
Ora, isto significaria que a Premier League entraria na última jornada com dose de emoção pouco recomendável para o coração dos adeptos de pelo menos três das quatro equipas acima referidas.
Por onde começar a lista de problemas associados que qualquer uma das quatros equipas terão caso sejam despromovidas ao Championship na próxima temporada? Não vale a pena dar muitas voltas ao assunto, o problema é e será sempre financeiro. Principalmente porque ambas as equipas londrinas gastaram uma pequena fortuna no mercado de transferências do início de temporada: o Watford, apesar de ter contratado muitos jogadores a custo zero, acabou por contratar Ismaila Sarr pela módica quantia de 44 milhões de euros; já o West Ham foi ainda menos poupado, tendo gasto 50 milhões de euros em Sebastian Haller e mais 28 milhões em Pablo Fornals. Com este nível de investimento, uma descida de divisão seria catastrófica, reforçada ainda mais pelo facto de as duas equipas, principalmente o West Ham, possuírem uma folha salarial muito elevada.
A juntar aos gastos estão os não ganhos, isto é, as receitas previstas que, após a pandemia que vivemos, não serão faturadas. Sem receitas de público nos jogos caseiros, com menos dinheiro de direitos televisivos comparativamente ao recebido na Premier League, sem conseguir vender jogadores por valores elevados — após descida de divisão serão muitos os que terão propostas mas não serão muitos os clubes dispostos a pagar o seu preço de mercado — e, como cereja em cima do bolo, os pagamentos em pára-quedas — dinheiro dado pela Premier League a clubes que descem, como compensação pela redução de receitas ao descer de divisão — poderão ser mais reduzidos tendo em vista as perdas de dinheiro da própria Premier League nos dias que correm.
Segundo Christian Puslow, diretor executivo do Aston Villa, a despromoção poderá ser, para qualquer um dos potenciais relegados, uma catástrofe de 200 milhões de libras. Mas com certeza será maior a catástrofe quanto maior for o volume de despesas do clube em causa.
Para além do jogo dos milhões, esta semana o destaque terá que ir para o encontro entre Liverpool e Chelsea. A jogar-se na quarta-feira, dia 22 de julho, pelas 20h15, as probabilidades de o Chelsea levar de vencido um Liverpool com o orgulho de campeão ferido não serão as mais favoráveis depois de na última jornada ter perdido frente ao Arsenal.
A derrota dos Reds frente aos Gunners, principalmente pela forma como aconteceu - dois golos foram oferecidos ao Arsenal com erros muito pouco habituais de Virgil Van Dijk e Alisson Becker -, foi pouco usual. Na verdade, estes erros são tão pouco habituais que este foi o primeiro erro de Van Dijk a dar origem a um golo do adversário nesta temporada e apenas o segundo na Premier League em toda a sua carreira com a camisola do Liverpool ao peito. Incrível. Assim, podemos esperar um Liverpool na máxima força e disposto a servir de turbilhão para mudanças radicais nos lugares de acesso à Liga dos Campeões.
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