O Atlético-MG, de Jorge Sampaoli, começa a ganhar a sua cara e venceu, na estreia, o maior candidato ao título, na casa do adversário. O Flamengo tinha, no banco, um novo treinador, Doménec Torrent, e vinha de um descanso de quase 20 dias. Mas, apesar de sentir falta de ritmo de jogo, a maior ausência esteve fora do relvado. Sem adeptos, o Flamengo perde grande parte da sua mística.
A claque do Flamengo é praticamente o seu décimo segundo jogador. Quando em sintonia com a equipa, é capaz de impulsionar vitórias e impressionar rivais. Um clube de massas como o Flamengo perde muito com a ausência dos fãs no estádio, com a pobreza do clima de um jogo de futebol vazio.
No ano passado, o desempenho em campo empolgou os adeptos e juntos foram campeões. É muito difícil separar o crescimento do jogo do Flamengo da festa que se fazia nas arquibancadas. Como artistas, esses jogadores acostumaram-se a ir aonde o povo estava e a mexer com os acordes dos cânticos do Maracanã. Eram alimentados pela vibração da claque.
Desde que voltámos a ter futebol, apesar de vencer o Campeonato Carioca, o Flamengo teve apenas uma partida com o nível de superioridade que esperamos deles, contra o Boavista. Nas finais do Carioca, dois jogos disputados com o Fluminense surpreenderam, mas o título não dá azos a qualquer questão.
Contra o Galo, na primeira jornada do Brasileirão, o Flamengo teve a oportunidade de abrir com um 2-0 logo no começo da partida, mas os seus avançados pareciam desligados. Bruno Henrique perdeu um golo muito fácil ao não passar para Gabigol, por exemplo. Lances que o Flamengo de 2019 não perdoaria, mas que neste confronto fizeram muita falta.
Contra um treinador habilidoso como Sampaoli, é preciso aproveitar as oportunidades para machucar o adversário. O Atlético reorganizou e passou a dominar o ritmo do jogo. Doménec, recém chegado, tentou mudar a equipa mas mostrou, naturalmente, desconhecimento das características dos seus jogadores e acabou por colocar cinco avançados em campo, colocando o Flamengo com muitas flechas, mas sem nenhum arco.
É muito cedo para qualquer avaliação, por se tratar apenas da primeira jornada. O Flamengo é, ainda, o principal favorito para o título e está à frente, inclusive, do Atlético-MG, que o venceu. Mas com a incerteza de como se adaptará uma equipa, com a cara do seu antigo treinador, a um jogo pensado por outra mente, ter os adeptos a seu lado era fundamental.
No novo normal, com estádios vazios, o Flamengo mostrou que ainda não está na mesma marcha antes da paragem do campeonato e sentirá muita falta do seu boost de adrenalina. Mais do que a ausência do mentor dos títulos do ano passado, que poderá ser superada com um bom trabalho de Doménec, o Fla vai precisar de superar a solidão de um Maracanã vazio.
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