A 15 de maio, antes daquele que seria o primeiro treino para a final da Taça de Portugal, a equipa de futebol do Sporting foi atacada, na academia do clube, por um grupo de cerca de 50 pessoas encapuzadas, que agrediram técnicos e jogadores. A GNR deteve 23 dos atacantes, que ficaram em prisão preventiva, após interrogatório judicial no Tribunal do Barreiro.

A Tribuna Expresso conseguiu aceder a 24 testemunhos de elementos do clube, presentes na Academia em Alcochete. Os relatos terão sido prestados à GNR no Comando Territorial de Setúbal, na noite da ocorrência.

Segundo a publicação, Bas Dost refere que inicialmente os homens passaram por ele sem qualquer comportamento agressivo, mas depois “um homem encapuzado deu-lhe com um cinto na cabeça”, o que fez com que caísse o chão, continuando a ser agredido. O jogador holandês diz ainda ter “ficado em estado de choque”. Tal como Bas Dost, também Misic foi agredido com um cinto na cabeça.

O argentino Battaglia disse que "indivíduos irromperem pelo balneário [...] a perguntar onde estava o Battaglia". "Quando o visualizaram, dirigiram-se à sua pessoa cerca de cinco a seis indivíduos que o ofenderam verbalmente, ameaçaram-no de morte".  O jogador foi ainda atingido com "murros na face, ombro direito e tronco e ainda, enquanto estava a tentar proteger-se, foi atingido na cintura e costas com um garrafão de 25 litros de água que lhe provocou fortes dores".

Acunã, jogador argentino, refere a existência de “cerca de 50 elementos que trajavam roupas escuras e alusivas ao Sporting Clube de Portugal”, que forçaram a entrada no balneário. O jogador relatou ter sido agredido “com murros na cabeça e no corpo”, sendo ainda ameaçado com o facto de saberem onde morava. Contudo, Manuel Fernandes, funcionário do Sporting e ex-jogador, apenas se apercebeu de “30 indivíduos a dirigirem-se em corrida em direção ao balneário”.

Já William, médio do Sporting, refere que “foram lançadas várias tochas de fumo” e que foram ouvidos gritos. O jogador, que também foi agredido, diz que “teve conhecimento pelo seu colega de nome Rui Patrício que já existiram situações passadas de ameaças de adeptos aos jogadores da equipa”. Freddy Montero e Doumbia testemunham também a existência de artigos pirotécnicos no local, como bombas de fumo e tochas.

O jogador brasileiro Bruno César foi um dos que não chegaram a ser agredidos, mas viu o sucedido através da janela do balneário. Tentou socorrer os colegas, mas foi ameaçado de morte. Fábio Coentrão também presenciou as agressões e disse temer “pela continuação de tais atos ou até de maior grau de violência”.

José António Laranjeira, scout, referiu uma conversa entre Jorge Jesus, William Carvalho e cinco invasores de cara descoberta, que terão justificado o sucedido. “Não era isto que pretendíamos, o nosso objetivo era falar com os atletas”. É também referido que os invasores “conheciam as instalações, bem como o interior do edifício”.

Entre as pessoas que testemunharam encontram-se também os jogadores Battaglia, Palhinha, Ristovski, Rúben Ribeiro, Piccini, Salin Gelson, Bruno Fernandes, Petrovic, Podence e Lumor. Falaram ainda com a GNR Gonçalo José Fontes Aveiro, fisioterapeuta; Ludovico Marques, massagista e Mário Monteiro, preparador físico, que levou com uma tocha que lhe queimou o braço e a barriga.

Rúben Ribeiro e Podence relataram ainda que um segurança da academia tentou impedir a entrada dos agressores, mas sem sucesso.

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