“Agora ainda é um turbilhão de emoções que vai na minha cabeça e no coração. Uma pessoa treina muito para chegar a este momento, mas nunca nos preparamos para o que vem a seguir. Claramente não estava preparada para esta receção calorosa, mas ainda me estou a começar a habituar à ideia de que concretizei um sonho de criança”, expressou a judoca lusa aos jornalistas, no aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa.
A Sociedade Filarmónica Gualdim Pais, o seu clube de sempre, veio ‘em peso’ rumo à capital, vinda de Tomar, para acarinhar a medalhada olímpica, que não esperava esta receção “avassaladora”, que a deixa com imensa gratidão e que lhe “enche o coração”.
“Foi a minha primeira medalha nestes oito meses do ano e foi preciso muita coragem e resiliência para ‘bater na trave’ todas as vezes e, mesmo assim, continuar a acreditar e a trabalhar. Valeu muito a pena. Falhei várias medalhas, mas concretizei o meu sonho maior”, afirmou a judoca tomarense, de 25 anos, que já tinha estado em Tóquio2020.
O voo que trouxe Patrícia Sampaio aterrou às 21:17, ainda três minutos antes da hora prevista, e apenas saiu do aeroporto por volta das 23:15, tal não foram os requisitos de fotografias e autógrafos, face à quantidade de familiares e amigos que a aguardavam.
“Acho que era notória a tranquilidade com que eu estava naquela semana, para quem me conhece bem. Sentia-me realmente muito tranquila, a aproveitar tudo o que havia para fazer e a desfrutar da Aldeia Olímpica. Eu não estava com aqueles nervos que por vezes tenho e que me congelam. Só queria aproveitar estar ali e estava extremamente feliz com a oportunidade que estava a ter”, contou sobre o estado de espírito em Paris.
Patrícia Sampaio fez um percurso quase imaculado durante toda a competição, apenas saindo derrotada nas meias-finais perante a italiana Alice Bellandi, que viria a sagrar-se campeã olímpica, superando até uma judoca francesa, com bastante apoio do público.
“Antes dos combates, às vezes penso em coisas aleatórias, mesmo para conseguir fugir da questão dos nervos. Tentei ao máximo limpar a minha mente. Quando passávamos no corredor para entrar no combate, era um barulho ensurdecedor. Eu trabalhei muito para estar mentalmente preparada para isso, simplesmente conseguia fechar os olhos e parecia que abafava esse som. Imaginava só nas estratégias que tinha de ter”, frisou.
A judoca entrou para a ‘eternidade’ do desporto português, uma ideia que ainda não assimilou, pois é “um peso muito grande”, mas apontou que se vai “habituar à ideia”.
Patrícia Sampaio alcançou a 29.ª medalha olímpica do desporto português, a primeira na presente edição dos Jogos, sendo o quarto bronze do judo português no evento, após as medalhas de Nuno Delgado (Sydney2000, em -81 kg), Telma Monteiro (Rio2016, em -57 kg) e Jorge Fonseca (Tóquio2020, em -100 kg).
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