As portas da câmara ardente na Basílica da Estrela, em Lisboa, abriram às 19:00 e figuras públicas, ligadas ou não ao Benfica, e diversos cidadãos foram chegando para prestar homenagem a Fernando Chalana.
As memórias e as histórias eram tantas quantas as pessoas que cruzavam as portas. As cores variavam entre o luto e o encarnado. Sinal de luto e de memórias pelo antigo jogador do Benfica.
Fernandos Gomes (presidente da Federação Portuguesa de Futebol), Humberto Coelho, Carlos Manuel, Gaspar Ramos, Shéu e Toni foram, entre outros, das primeiras caras conhecidas estarem presentes. À saída, Toni recordou os tempos em que o “miúdo” despontou com a camisola encarnada. “Estreou-se no dia 07 de março de 1976. Saí ao intervalo, num jogo contra o Farense, e ele entrou. Fez dois jogos nessa época e na seguinte é ele o grande suporte para que nós pudéssemos chegar ao título nacional. Ao perceber a magia e a fantasia que ele tinha, eu dizia aos meus companheiros para passarem a bola ao miúdo. Ele resolvia situações complicadas. Ele ajudava a resolver as situações”, evocou Toni. Para o antigo jogador e treinador dos ‘encarnados’ o futebol português ficou mais pobre há mais tempo, não só agora com o falecimento de Fernando Chalana. “O pequeno genial partiu, mas ele estará sempre nos nossos corações. Nos corações benfiquistas e na seleção nacional, onde escreveu páginas de ouro. O futebol ficou mais pobre quando ele terminou a carreira”, afirmou.
Carlitos, jogador do Benfica entre 2000/01 e 2003/04, relembrou os momentos em que privou com ‘Chalanix’ quando este fazia parte da equipa técnica. “Antes dos jogos tentava tocar nos pés dele para me dar sorte. Nos treinos ele dizia-me aprende comigo que vais dar jogador”, relembrou.
Por sua vez, Humberto Coelho, que acompanhava Fernando Gomes e José Couceiro, recordou “o jogador fabuloso e o grande amigo”. “O que guardo dele é o brilho nos olhos com que ficava depois de fintar um adversário. Ele não era um jogador mecanizado. A magia vinha dentro dele de forma natural. Chalana foi uma das maiores figuras do futebol português. Tinha uma qualidade acima da média e era admirado por todos. Se jogasse hoje era candidato à Bola de Ouro. Seria um Messi”, admitiu.
Quem passava pela Basílica da Estrela afirmava que Chalana foi uma referência no futebol, sobretudo nas gerações que o viram jogar. Aliás, Abel Xavier, também ele antigo jogador dos ‘encarnados’, realçou a forma como este o marcou. “Vinha do bairro e tive o privilégio de o conhecer depois do Euro84. Vi muitos jogos do Benfica. Chalana foi o jogador que mais contribuiu para a internacionalização dos futebolistas portugueses. Foi bom trabalhar com ele. Eu era novo, não tinha muitas responsabilidades, no final dos treinos ficava a admirar a forma como eles encarava os livres e as bolas paradas”, recordou.
A Presidência da República enviou uma coroa de flores onde se podia ler “Sentida Homenagem do Presidente da República”.
O antigo futebolista internacional português Fernando Chalana, que fez grande parte da sua carreira no Benfica e era conhecido como o “pequeno genial”, morreu na quarta-feira aos 63 anos.
Com início da formação no Barreirense, Chalana, 27 vezes internacional por Portugal, chegou ao Benfica em 1974/75, ainda com idade de júnior e mudou-se em 1984/85 para o Bordéus, França, no qual esteve três anos antes de regressar às ‘águias’, terminando a carreira com uma época no Belenenses (1990/91) e outra no Estrela da Amadora (1991/92).
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