Aqueles que seriam os melhores Jogos Olímpicos de sempre para Portugal, com os inéditos quatro pódios, até começaram de forma tímida, com o bronze do judoca Jorge Fonseca nos -100kg a ‘colorir’ uma primeira semana com vários diplomas, entre os quais os da surfista Yolanda Sequeira, quinta, e do ‘skateboarder’ Gustavo Ribeiro, oitavo, nas estreias das suas modalidades no evento olímpico.

Mas seria no Estádio Nacional de Tóquio, quando o atletismo, a modalidade com maior tradição olímpica, entrou em ação, que os portugueses tiveram as maiores alegrias: Pedro Pablo Pichardo saltou para o ouro no triplo salto, disciplina em que Patrícia Mamona conquistou a prata, e juntou-se aos maratonistas Carlos Lopes (Los Angeles1984) e Rosa Mota (Seul1988), a Fernanda Ribeiro, ouro nos 10.000 metros em Atlanta1996, e ao ‘rival’ Nelson Évora (Pequim2008) na restrita galeria de campeões olímpicos portugueses.

O sonho olímpico nacional só ficaria completo com o bronze do resiliente Fernando Pimenta, que nove anos depois de ter alcançado a prata ao lado de Emanuel Silva no K2 1.000 de Londres2012, celebrou finalmente a tão desejada medalha a título pessoal no K1 1.000 metros.

A página de glória do desporto português na capital japonesa, após dois anos de incertezas, adiamentos (inclusive do evento), falta de competição (e até de apoios) motivados pela pandemia de covid-19, completar-se-ia com 11 diplomas, entre os quais o quarto lugar de Auriol Dongmo, no lançamento do peso, e a melhor pontuação de sempre em Jogos Olímpicos (78, atribuídos aos atletas classificados entre o primeiro e o oitavo lugares, mais 27 do que em Atenas2004).

créditos: RODRIGO ANTUNES/LUSA

Falar de 2021 implicará sempre mencionar a melhor prestação olímpica de sempre, mas também o inédito título mundial de futsal conquistado por Ricardinho e companhia na Lituânia, em setembro.

O melhor jogador de futsal do mundo fechou o seu vitorioso percurso na equipa das ‘quinas’ com chave de ouro, ajudando Portugal a erguer o troféu em Kaunas, depois de um percurso emocionante que culminou com o triunfo por 2-1 sobre a Argentina, que detinha o título, na final.

Os futsalistas lusos foram os últimos, mas não os únicos a celebrarem um título planetário: em junho, na antessala de Tóquio2020, Jorge Fonseca renovou o dele, nos -100 kg, em Budapeste, enquanto Fernando Pimenta recuperou o de de K1 1.000 metros e sagrou-se ‘vice’ em K1 5.000, nos melhores Mundiais de sempre da canoagem lusa, que trouxe outras três medalhas de Copenhaga.

Sem medalha, mas com a melhor classificação em Mundiais, regressou a seleção de andebol do Egito, onde fez história com o seu 10.º lugar - um feito alcançado um mês antes da traumática morte do guarda-redes Alfredo Quintana, na sequência de uma paragem cardiorrespiratória -, colocando-se num patamar de posteridade no qual também se ‘inscreveu’ a ginasta Filipa Martins, sétima no concurso completo no Campeonato do Mundo de Kitakyushu.

Antes de conquistar o primeiro diploma da ginástica artística lusa no ‘all-around’ de uns campeonatos do mundo – depois de ter sido também a primeira portuguesa a estar numa final de aparelhos, as paralelas assimétricas, nas quais foi oitava -, a ginasta do Acro Clube da Maia, de 25 anos, já tinha sido notícia ao criar um novo elemento técnico, entretanto incluído no código de pontuação internacional, batizado de “Martins”.

Na lista anual de ‘pequenos grandes feitos’ dos desportistas portugueses volta a aparecer o nome de João Almeida, o ciclista que ‘arrastou’ as massas para a modalidade, e que esta temporada demonstrou que o quarto lugar no Giro2020 não foi um acaso, sendo sexto na geral final da ‘corsa rosa’, e terminando o ano como nono classificado do ‘ranking’ mundial, após ter vencido a Volta à Polónia e a Volta ao Luxemburgo e acumulado vários pódios.

Se o ciclista de 23 anos é já uma certeza, Neemias Queta é ainda uma esperança: o primeiro português a chegar à Liga norte-americana de basquetebol (NBA) foi escolhido no 'draft' pelos Sacramento Kings, mas tem estado a jogar com a equipa de desenvolvimento, os Stockton Kings.

Entre as deceções do ano, destaque para Miguel Oliveira, que conclui o Mundial de MotoGP num modesto 14.º lugar, numa temporada em que somou apenas uma vitória (no GP da Catalunha), dois segundos lugares (no GP da Alemanha e no GP de Itália) e cinco desistências devido a quedas, e ainda para a seleção portuguesa de hóquei em patins.

A jogar em casa, em Paredes, Portugal esteve longe do seu melhor, nem chegando a disputar o jogo de atribuição do terceiro e quarto lugares, devido a casos de covid-19 entre os seus hoquistas, depois de ter perdido o acesso à final, que consagrou a Espanha.