Desde 21 de Novembro o Tottenham enfrentou Manchester City, Chelsea e agora Arsenal. Entre esses embates, teve ainda jogos europeus. Seguem-se Crystal Palace, Liverpool, Leicester City, Wolves, Fulham e, finalmente, Leeds United, este último já em 2021.
No total 13 jogos - se contabilizarmos os encontros a contar para a Liga Europa e Taça da Liga - em 42 dias, mais precisamente um jogo a cada 3,2 dias.
Será fisicamente possível? Terá José Mourinho quantidade e qualidade suficiente no plantel para tamanha exigência competitiva? A resposta é simples. Não. Isto porque, quer se queira quer não, independentemente de o treinador ser José Mourinho, nos dias que correm é muito difícil colocar uma equipa na rota de um título de forma tão imediata. Existem duas maneira de o fazer. Mudando muito, na estrutura do plantel, ou mudando pouco. Mudando tudo, temos uma equipa que necessita de rotinas, espírito de grupo, etc,. Mudando pouco numa época e meia, como Mourinho está, e bem, a fazer, o plantel poderá ser (ainda) muito curto. E parece-me ser o que irá acontecer. Não quer com isto dizer que não tenha que ser levado a sério na corrida, contudo não me parece ser suficiente.
Não considerando quer Tottenham, quer o Arsenal como candidatos sérios ao título não quer dizer que não possam lutar pelo título e inclusivamente apostar tudo na competição. Contudo, no campo teórico não é justo, como tenho defendido nos últimos anos em relação ao Manchester United por exemplo, considerá-los candidatos ao título e colocar essa pressão adicional em equipas que têm muitas lacunas.
Qual a diferença do Arsenal para o Tottenham?
Mourinho e a sua equipa encontraram no City um candidato em má forma e no Chelsea um não tão candidato em boa forma - já aqui referi que o Chelsea parece-me ser aquele que, fora de Manchester City e Liverpool poderá ter mais hipóteses e maior capacidade de se transformar num verdadeiro candidato, mas apenas o tempo o poderá confirmar. Sendo o Arsenal um não candidato em má forma, em teoria já percebemos que não será difícil para os Spurs baterem os Gunners. Mas será que na prática o embate entre rivais Londrinos tão fácil de prever? Quais os pontos que poderão ajudar a decidir o encontro, e quem leva vantagem nos mesmos?
Um dérbi é um dérbi
Por muito que queiramos colocar alguma racionalidade por detrás do jogo, quando chega a hora de defrontar os arqui-rivais, toda e qualquer explicação lógica poderá não significar muito. A motivação de ambas as equipas equiparar-se-á mas creio que a motivação do Tottenham, até pela confiança actual e por ser dos dois o “mais pequeno”, terá menos pressão do seu lado.
Estilos de jogo
Sendo o Arsenal uma equipa mais criativa, com uma posse de bola mais personalizada, tentando controlar o jogo e ditar o ritmo da partida e tendo no Tottenham um completo oposto, uma equipa de processos mais simples, de futebol mais pragmático e com mais certezas na execução, a vantagem vai novamente para os Spurs.
Estabilidade
Não só de forma actual, como de consistência tática e estratégica. Da parte do Tottenham já aqui vimos nas passadas semanas que desde que encontrou um trio de meio campo forte, sólido e com preocupações defensivas, José Mourinho transformou a equipa na máquina oleada que conhecemos hoje em dia. Mantendo a estratégia de bloco médio baixo, de atitude pragmática e de contra-ataque letal, em teoria o Tottenham leva mais uma vez vantagem, isto porque, como vamos ver de seguida, o Arsenal é o oposto do que acabámos de descrever.
A 18 de Setembro escrevi “O porquê de termos que levar este Arsenal a sério”, contudo fiz questão de frisar que não poderia ser levado a sério numa corrida pelo título, pelo menos não para já. E assim está a acontecer. Com pouco tempo na liderança, Mikel Arteta está aos poucos a mudar o espírito do clube, a filosofia e até a logística de contratações. O que o treinador espanhol não consegue mudar é o tempo. Esse passa ao seu ritmo e as janelas de transferência só abrem em Janeiro e no verão. Com mais três ou quatro oportunidades para contratar e, paulatinamente, renovar a estrutura à imagem do treinador escolhido, aí o Arsenal será um candidato sério e poderá voltar à ribalta do futebol inglês já que Arteta me parece ser a escolha acertada para um projecto de futuro.
Para já, uma inconsistência nas distâncias entre linhas tem sido o principal fator de desequilíbrio da equipa. Com a insistência num 3x4x3, Arteta coloca jogadores suficientes nas alas, assim como dentro da área, mas muito poucos, em posições fulcrais para ganhar segundas bolas e parar contra-ataques. Sempre que joga num 4x2x3x1, como foi o caso dos últimos dois jogos a contar para a Premier League, essas falhas de posicionamento são colmatadas até um certo ponto. Ainda assim, sendo o 4x2x3x1 uma táctica mais válida para os objectivos da equipa, os jogadores acabam por não encaixar na perfeição e as limitações técnicas dos mesmos vêm ao de cima. Uma faca de dois gumes que levará tempo e dinheiro a solucionar.
O próprio Mikel Arteta disse esta semana que a equipa efetuou 33 cruzamentos frente ao Wolves. E se continuarem a fazer isso, irão, de forma consistente, marcar mais golos, é uma questão matemática pura e simples. Algo que vem corroborar a ideia de que a colocação de jogadores nas alas e na frente de ataque é um dos pontos fortes do Arsenal mas, caso não resulte em golo, há uma fatura a pagar. E mesmo não sofrendo muitos golos de contra-ataque puro, o Arsenal acaba por perder oportunidades de criar mais chances para si mesmo e de não permitir ao adversário mais posse e consequentemente mais oportunidade de criação.
Assim sendo, e mesmo com Kane lesionado, o Tottenham tem tudo, em teoria, para levar a melhor sobre o Arsenal. Se esse será mesmo o caso, teremos de esperar até Domingo para descobrir.
Esta semana na Premier League
Além do Tottenham v Arsenal, o destaque vai inteirinho para o embate que coloca frente-a-frente o Liverpool de Jota e o Wolves, antiga equipa do jogador português. Com um Liverpool debilitado pelas conhecidas lesões de Virgil van Dijk, Joe Gomes, Naby Keita, Alexander-Arnold, James Milner, Thiago Alcântara, Oxlade-Chamberlain e Xherdan Shaqiri, o Wolves tem tudo para aproveitar a boa forma e colocar pressão num Liverpool que enfrenta teste após teste, até ver a sua lista de lesões mais reduzida.
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