Com seis pontos de vantagem sobre os rivais, o Liverpool está consciente de que uma vitória ainda não é decisiva, mas é importantíssima para a realização do sonho de um grupo, de um clube, de uma cidade. Nunca tendo vencido a Premier League, desde a sua criação, em 1992, o Liverpool é grande demais para merecer continuar a carregar, junto do seu nome, tal desilusão. Já lá vão vinte e nove anos desde a última conquista da liga por parte da equipa da cidade dos Beatles. Em jogo vai estar em causa, mais do que três pontos, a história do Liverpool Football Club.
O campeão da Europa e o campeão inglês, o Manchester City Football Club, encontram-se mais uma vez e o país parará para ver o embate entre duas equipas, cujas diferenças e semelhanças encaixam na perfeição. Da pressão à posse de bola, do ritmo pausado, à intensidade louca, da velocidade individual à velocidade e dinâmica de grupo, todas estas características, apesar de diferentes, assentam numa coesão e em princípios estratégicos, só possíveis de levar a cabo em equipas de alto nível.
De braço dado
No último ano e meio os dois colossos ingleses têm elevado a fasquia a tal ponto que, no ano passado, durante as últimas onze jornadas, o Manchester City venceu a totalidade dos encontros e o Liverpool venceu todos, menos um. Um empate a zero em casa do rival Everton viria a ditar a direção do título inglês. Quem diria que uma jornada ainda no início de Março poderia ser tão importante para a decisão do título inglês.
O patamar está tão alto que temos que recuar a 2016 para ver ambas as equipas perderem simultaneamente, na mesma jornada entenda-se. Tal ia-se passando novamente na última jornada. Durante uma hora e dez minutos, no caso do Citizens, e durante uns impressionante oitenta e sete minutos, no caso dos Reds, parecia que poderíamos ver o mesmo desenlace de há três anos. Assim não o quis o destino, ou assim não quis a intensidade, resiliência e competência de City e Liverpool. Ambos acabaram por dar a volta aos seus jogos apresentando-se este domingo em igualdade de circunstâncias, isto é, vindos ambos de uma vitória.
Curiosidades do encontro
A estatística por vezes não passa disso, outras vezes pode ajudar-nos a perceber quem levará vantagem em algumas vertentes do jogo. Mas, mais do que percebermos quem estará em vantagem, já que a emoção que envolve este tipo de jogos normalmente influência as equipas, tentamos apurar em que forma estão, quem tem mostrado mais resiliência, competitividade e como têm reagido à adversidade.
Só esta temporada o Liverpool já ganhou dez pontos em jogos nos quais esteve em desvantagem. O Newcastle, à quinta jornada, foi a primeira equipa a colocar-se na frente do marcador. Resultado, o Liverpool acelerou o passo e venceu o jogo confortavelmente por 3-1. Seguiram-se histórias semelhantes com United, Tottenham e Aston Villa (tendo o United sido o único a conseguir roubar pontos aos Reds até ao momento na Premier League, forçando o empate a uma bola).
Quanto ao City, este marcou primeiro em oito dos onze jogos que disputou este ano na Premier League. Apenas Norwich, Wolves e Southampton conseguiram roubar a liderança no marcador ao City. A diferença entre Citizens e Reds é desses três jogos. Apenas frente ao Southampton o City foi capaz amealhar pontos no final dos 90 minutos.
As probabilidades de o City marcar primeiro são enormes. O controlo de jogo por parte da equipa de Guardiola é reconhecido mundialmente, e poucas vezes tem falhado. O problema? O Liverpool é um dos poucos que já provou conseguir romper com a fluidez da equipa dos azuis de Manchester — e tendo em conta os problemas que o City tem enfrentado quando sofre primeiro, o Liverpool poderá levar uma grande vantagem.
Outro ponto de interesse é o tempo médio que estas equipas levam até sofrer um golo no jogo. Quanto ao Liverpool, este mostra-se mais resistente que o City. Com uma média de 49 minutos e 12 segundos até sofrer o primeiro golo, isto é, só no segundo tempo, talvez quando a sua intensidade já não é tão forte. Essa poderá ser uma das explicações para que o Liverpool se torne mais vulnerável. Já o City, concede, em média, nos primeiros tempos das partidas. Sendo 35 minutos e 30 segundos a sua média para conceder um golo da equipa adversária. A explicação parece ser óbvia: o City deste ano apresenta uma intensidade menor, os erros individuais têm-se acumulado e, no geral, a equipa de Guardiola parece ter perdido alguma faísca. Causa? Talvez o facto de ser bicampeão, talvez alguma saturação, só o tempo e Pep Guardiola poderão fazer essa análise com mais clarividência.
De entre as curiosidades para o encontro que se pode vir a tornar o jogo do ano, estas são as que, não precipitando qualquer tipo de conclusão quanto ao resultado final, podem dar algumas luzes quanto à forma das equipas e a sua resiliência, seja no sentido de dar a volta ao marcador, seja a manter a baliza intacta durante mais tempo, fatores importantíssimos em qualquer jogo de futebol, principalmente naqueles que têm o potencial de ser extremamente equilibrados, como é o caso do clássico deste fim de semana.
Esta semana na Premier League
Além do inevitável grande encontro da jornada, temos ainda um Leicester a receber o Arsenal, na parte de cima da tabela, e um Southampton vs. Everton, na parte inferior da mesma. Este é um grande teste, mas também uma grande oportunidade para o Leicester, já que vencendo o Arsenal, não só consolida uma excelente posição no topo da tabela como corre o risco, caso o City seja derrotado pelo Liverpool, de passar para segundo lugar da classificação geral à décima segunda jornada, um feito incrível. A não perder sábado, dia 9, pelas 17h30. Já o Everton de Marco Silva carrega pressão adicional. Não só joga fora, como defronta o Southampton, que tem vindo a fazer uma época muito negativa e que pode, caso vença, igualar as azuis de Liverpool, com apenas onze pontos à décima segunda jornada. O embate no sul de Inglaterra terá lugar também no sábado, dia 9, mas pelas 15h00.
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