“Sou, desde a primeira hora, frontalmente contra o cartão de adepto, até pela forma como foi idealizado e executado. Estarei sempre do lado da lei e da ordem, mas também para dar contributo no combate feroz à violência, ao racismo e à xenofobia na sociedade e no desporto. Nunca desta forma, através de leis que só servirão para afastar as pessoas do futebol”, apontou Vítor Murta, numa mensagem emitida no site oficial dos ‘axadrezados’.

A criação do cartão do adepto decorreu de recentes alterações ao regime jurídico da segurança e combate ao racismo, à xenofobia e à intolerância nos eventos desportivos, tendo a respetiva portaria sido publicada em Diário da República em junho de 2020.

Válido por três anos e em vigor a partir desta época, o cartão do adepto pode ser requisitado por qualquer pessoa acima dos 16 anos e serve para conceder acesso a zonas identificadas nos recintos, normalmente associadas à presença de claques.

“Alguém se lembrou que as pessoas que pretendem assistir a um espetáculo de futebol têm de ser catalogadas, identificadas e marginalizadas sob o manto de uma alegada promoção da segurança. Que fique bem claro: eu e o Boavista vamos estar sempre na linha da frente do combate a qualquer tipo de violência no desporto”, prosseguiu.

Segundo uma nota divulgada pelo Governo há um ano, a nova medida vai favorecer “o registo e a identificação dos seus titulares para efeitos de dimensionamento e de gestão do acesso às zonas com condições especiais de acesso e permanência de adeptos”.

“São vários os estádios que podem ficar vedados ao acesso livre de um qualquer cidadão que queira ir ver um jogo de futebol – a não ser que se registe numa base de dados do Estado. Para mim, é claro que ninguém deveria ser obrigado a registar-se numa base de dados do Estado só para aceder a uma determinada zona de um recinto desportivo ou às zonas visitantes em recintos de outros clubes”, vincou o presidente dos ‘axadrezados’.

O Governo acredita ainda que o cartão ajudará “à verificação em tempo útil das decisões judiciais e administrativas que impeçam determinadas pessoas de aceder aos recintos”.

“Não posso concordar que esse combate seja feito com aparentes resquícios pidescos que perduram quase 50 anos depois, mesmo naqueles que batem com a mão no peito e exibem o cravo vermelho em determinados eventos públicos. Se todos os intervenientes trabalhassem em conjunto, teria sido fácil de perceber que continuaria a ser mais do que suficiente permitir o acesso das pessoas em zonas específicas de cada clube”, notou.

O arranque dos dois escalões profissionais do futebol português no fim de semana assinalou o regresso generalizado de público aos estádios, 17 meses depois, com uma lotação máxima de 33%, devido à pandemia de covid-19, mas Vítor Murta lamenta ter visto “mais burocracia, barreiras e dificuldades para aqueles que amam o futebol”.

“Para este campeonato, que arrancou na sexta-feira, ficamos desde já com a certeza de que vai ser bem mais difícil o acesso de um cidadão a um estádio de futebol em Portugal do que a passagem por uma qualquer fronteira fora do Espaço Schengen”, terminou.

O Boavista defronta hoje o Gil Vicente, às 20:15, no Estádio Cidade de Barcelos, em Barcelos, no encontro de encerramento da jornada inaugural da edição 2021/22 da I Liga, com arbitragem de Cláudio Pereira, da associação de Aveiro.

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