“É um dia muito triste para o Vitória e um dia muito triste para a cidade, essencialmente pela revolta", começou por dizer Paulo Gomes, em conferência de imprensa marcada para reagir à confirmação judicial da descida do Vitória de Setúbal ao Campeonato de Portugal.

O Vitória de Setúbal, que terminou a edição de 2019/20 da I Liga no 16.º lugar, acima da zona de despromoção, foi impedido de se inscrever nas competições profissionais, depois de a Comissão de Auditoria da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) ter reprovado os processos de licenciamento, tendo recorrido da decisão para o Conselho de Justiça da Federação, que se declarou incompetente para apreciar o recurso e remeteu o processo para o TAD, que anunciou hoje ter rejeitado esse recurso.

Paulo Gomes, porém, recordou que a decisão da descida não foi definitiva. "O que foi indeferido foi uma providência cautelar que colocámos no tribunal arbitral a um processo que vai começar a ser discutido", explicou o presidente do clube sadino, esperando que seja dada razão ao Vitória de Setúbal no final no processo, lamentando porém, que "possa não ser decidido em tempo útil", ou seja, antes da descida efetivar-se.

"É um crime social o que estão a fazer ao clube, porque não o estão a deixar respirar", acusou o presidente sadino, que apontou falhas ao processo. "Aquilo que achávamos que deveria ser visto, o manual de licenciamento, que está ferido de erros graves", disse Paulo Gomes.

O TAD deliberou “julgar o presente pedido cautelar improcedente por não provado”. Em causa estavam pressupostos financeiros incumpridos: o clube não conseguiu apresentar prova de “inexistência de dívidas a sociedades desportivas”, a “inexistência de dívidas a jogadores, treinadores e funcionários”, assim como “a regularidade da situação contributiva perante a Autoridade Tributária”, segundo a LPFP.

Em resposta, o presidente do clube frisou que a análise das razões invocadas pelo Vitória de Setúbal "foi muito superficial" e os "pressupostos" apresentados quanto aos outros clubes "nem sequer foram vistos". "Voltaram a bater no tema da Autoridade Tributária em relação a um pressuposto que não fizemos por não termos conseguido fazer a Assembleia Geral", continuou Paulo Gomes, recordando que "a FIFA e a UEFA dão orientações à Liga e à FPF para ter em atenção as dificuldades que a pandemia da Covid-19 coloca no acesso e na emissão de documentos".

"Esta época estava a ser feito o acerto, para de uma vez por todas equilibrar as nossas despesas com as nossas receitas", disse o presidente do Vitória de Setúbal, admitindo que o clube enfrenta dívidas superiores ao orçamento, mas que foram em parte pagas e que apresentou também garantias reais.

Para que se possam cumprir as obrigações financeiras do Vitória de Setúbal aos seus credores, Paulo Branco diz que vai ser aberto o "estado de emergência dentro do clube".

"A Liga não conhece bem o Vitória e não conhece bem as gentes de Setúbal. Hoje, a revolta da cidade é enorme. A presidente da Câmara está chocada com esta decisão, porque os valores do Vitória não prevaleceram e aquilo que acho que tinha direito, não foi feito da devida forma”, disse o presidente sadino, sublinhando também que " o clube é dos vitorianos que gostam do clube, e não daqueles que se dizem supostamente vitorianos e que provavelmente são empresários, que passam o tempo a tentar denegrir quem o gere, quem está cá".

"O que peço aos vitorianos é união, porque nos momentos difíceis o Vitória tem se unido sempre, e será nessa base que iremos preparar este futuro próximo", disse também.

A presidente da Câmara Municipal de Setúbal também já reagiu à decisão do TAD, lamentando “profundamente” a mesma. “Como sempre tem acontecido, e já o voltámos a demonstrar muito recentemente, continuaremos ao lado do clube para o apoiar na procura das melhores soluções que assegurem a sua viabilidade futura”, refere Maria das Dores Meira no Facebook, recordando que o clube “é um verdadeiro símbolo da cidade”.