Convocatória:

Guarda-redes: Anthony Lopes (Lyon), Rui Patrício (Wolverhampton), Rui Silva (Granada);

Defesas: João Cancelo (Manchester City), Nélson Semedo (Wolverhampton), José Fonte (Lille), Pepe (FC Porto), Rúben Dias (Manchester City), Nuno Mendes (Sporting CP) e Raphael Guerreiro (Borussia Dortmund);

Médios: Danilo Pereira (PSG), João Palhinha (Sporting CP), Rúben Neves (Wolverhampton), Bruno Fernandes (Manchester United), João Moutinho (Wolverhampton), Renato Sanches (Lille), Sérgio Oliveira (FC Porto) e William Carvalho (Bétis);

Avançados: Pedro Gonçalves (Sporting CP), André Silva (Eintracht Frankfurt), Bernardo Silva (Manchester City), Cristiano Ronaldo (Juventus), Diogo Jota (Liverpool), Gonçalo Guedes (Valência), João Félix (Atlético Madrid) e Rafa Silva (SL Benfica).

A fase final do Euro2020 realiza-se de 11 de junho a 11 de julho, em 11 cidades de 11 países, e Portugal integra o Grupo F, defrontando sucessivamente Hungria (15 de junho, em Budapeste), Alemanha (19, em Munique) e França (23, em Budapeste).

Face à decisão da UEFA em aumentar de 23 para 26 o número de convocados, para fazer face a eventuais baixas por casos positivos do novo coronavírus, Fernando Santos tinha, à partida, ‘espaço’ para todas as suas escolhas habituais e ainda para ‘improvisar’.

Presença habitual nos últimos "onzes" da seleção sub-21, Pedro Gonçalves irá assim "desfalcar" a equipa comandada por Rui Jorge para a fase final do Europeu desse escalão, em que Portugal irá defrontar a Itália a 31 de maio.

O avançado Gonçalo Guedes, jogador do Valência que marcou o golo de Portugal na final da Liga das Nações de 2019 (1-0 aos Países Baixos), é também uma ‘cara nova’ em relação à última lista, para os primeiros três jogos de qualificação para o Mundial2022.

Dessa derradeira convocatória, de 25 jogadores, também estão de regresso Nélson Semedo  e William Carvalho, em desfavor de Cédric (Arsenal) e Domingos Duarte (Granada), sendo que também fica de fora o avançado Pedro Neto (Wolverhampton) que se lesionou com gravidade, e Pizzi (Benfica).

A lista lusa é liderada por Cristiano Ronaldo, que vai cumprir a sua nona fase final, entre Europeus (2004, 2008, 2012 e 2016) e Mundiais (2006, 2010, 2014 e 2018), às quais acrescenta a Taça das Confederações (2017) e a Liga das Nações (2019).

De fora, ficaram nomes que foram importantes para Portugal em anos recentes, nomeadamente João Mário, Nani ou Ricardo Quaresma e o ‘herói’ Éder, o autor do golo mais importante de Portugal, o que valeu em 2016 a conquista do campeonato da Europa, na final com a França.

A escolha de "Pote" e a decisão de levar apenas três centrais e a opção Otávio

Depois de congratular o Sporting pelo seu título de campeão nacional, Fernando Santos justificou a convocatória de Pedro Gonçalves — estreia inédita no lote de eleitos da seleção principal — porque "pode dar à seleção nacional aquilo que deu ao Sporting durante a época". Também conhecido por "Pote", o médio ofensivo foi o melhor marcador da I Liga, com 23 golos.

"Tenho todas as informações, mais do que necessárias, para além das muitas visualizações que fiz, quer ao vivo, quer em vídeo" para fazer esta escolha, disse o selecionador, frisando também que Pedro Gonçalves já tinha sido equacionado para a última convocatória, mas que na altura não havia tempo para adaptá-lo à equipa.

A par desta novidade, o regresso de William Carvalho constitui uma surpresa, até porque o jogador, de 29 anos, do Bétis de Sevilha perdeu espaço na equipa e não tem jogado com regularidade.

“Na última convocatória não poderia ser convocado, porque não tinha tempo para criar ritmos, e tendo essa possibilidade, é uma exceção ao método de avaliação. Acho que o William pode trazer coisas importantes e temos tempo suficiente para ele crescer no ritmo. Numa convocatória a 26 ele pode acrescentar. Tinha alternativas, mas entendo que tem coisas que só o William tem. É a minha perspetiva e acho que não temos em Portugal ninguém com as características dele, pode jogar a 6, 8 ou 10”, garantiu.

Já quando questionado quanto ao risco de levar apenas três centrais — dois deles, Pepe e José Fonte, com maiores dificuldades de recuperação entre jogos devido à idade — e à possibilidade de adaptar Danilo Pereira à posição caso seja necessário, Fernando Santos disse que essa foi uma opção sua, mas rejeitou encarar o médio do PSG como uma escolha premeditada para a defesa.

"Danilo é médio da seleção. Agora, quer Danilo, quer Palhinha, quer William Carvalho, se for essa a necessidade, podem atuar nessa posição. Agora, não vamos colocar Danilo como central, não faria nenhum sentido. Há os jogadores polivalentes que podem alinhar nessa posição. Já na Liga das Nações só levei três centrais. A minha convocatória ficou feita ontem [quarta-feira], às 17:00, depois de várias horas de discussão com a minha equipa técnica e optámos por estes jogadores”, disse.

Em relação à chamada de Diogo Jota, que se lesionou recentemente ao serviço dos ingleses do Liverpool, Fernando Santos assevera que tem a garantia por parte da unidade de saúde e performance da seleção que está “clinicamente apto para a competição”.

Outra questão colocada foi face à possibilidade de convocar Otávio, o médio do FC Porto a quem o selecionador já tinha aberto a porta a jogar por Portugal, já que o médio brasileiro concluiu recentemente o processo para adquirir nacionalidade portuguesa.

Fernando Santos recusou particularizar o seu caso, agrupando-o com "sete ou oito jogadores" que também não foram convocados e que faziam parte de um lote inicial que foi depois filtrado.

“Havia sete ou oito jogadores que poderiam também ter sido convocados. Não foi só o Otávio. As convocatórias são fundamentadas em muitas análises. Chegámos ao dia e tínhamos uma lista de trinta e tal jogadores. Se fosse para falar deste jogador, tinha também de falar nos outros todos”, deixando escapar, sem dizer nomes, que “em caso de anormalidade” (lesão), há uma lista de jogadores que poderão ser convocados, consoante as posições.

Fernando Santos reassume candidatura de Portugal à conquista do Euro2020

O selecionador nacional garantiu que o grupo terá o mesmo compromisso que em 2016 e por isso tem a convicção que poderá revalidar o título.

“Somos campeões europeus, mas isso não faz de nós candidatos por si só. Conseguimos concretizar em 2016 e 2019 (Liga das Nações) muito pelo trabalho dos jogadores. O que nos leva é termos o mesmo compromisso que em 2016. Tenho uma grande confiança nos meus jogadores e parto com a mesma convicção. Somos um dos candidatos a poder vencer esta competição”, disse.

Para Fernando Santos não existe, nesta fase, a necessidade de estar sempre a repetir que Portugal é candidato à revalidação do título europeu, contudo o selecionador deixou claro que “se durante a competição sentir a necessidade de reafirmar isso” assim o fará até porque é esse o objetivo da equipa das ‘quinas’.

No lote dos 26 eleitos, 11 jogadores conquistaram o Euro2016, mas Fernando Santos garante que esta equipa nada tem a ver com a campeã europeia.

“São 11 jogadores campeões europeus? São assim tantos? É bom sinal, é sinal que tínhamos muito jogadores jovens. Em 2016, levei 23 jogadores e antes de chegar a estes, tinha uma lista de 30. Tivemos vários casos de lesão que impediram os jogadores de estarem no Euro”, relembrou.

Este Euro2020, para além de se realizar em 2021, reveste-se de uma característica diferente. Pela primeira vez as seleções podem convocar 26 elementos. Uma situação que obrigará, segundo Fernando Santos, a uma gestão diferente.

“Sou apologista dos 23, é bom um número e existe a premissa que todos podem jogar. Em termos de gestão de equipa, é mais fácil. Pelas contingências que podem acontecer, levaremos 26 jogadores, mas terei de deixar sempre três jogadores de fora. Isto é quase uma gestão de clube, que é feita ao longo do ano, onde há mais jogos. É esta situação que temos de gerir”, salientou, revelando que para esta convocatória escolheu primeiro os 23 elementos e só depois encaixou os três outros para completar o lote em função das necessidades do grupo.