Em entrevista à agência Lusa, o francês Arnaud Ramy, o diretor desportivo da Michelin, fornecedora oficial de pneus para todas as equipas de WRC e WRC2 nas 14 provas do Mundial de Ralis, admitiu que "as diferenças de piso e as altas temperaturas dificultam a escolha dos pilotos".
Os regulamentos permitem apenas que sejam utilizados dois tipos de pneus em cada prova, em quantidades limitadas, entre os três à disposição durante o Mundial: macios, médios e duros.
"Para Portugal, trouxemos 28 médios e 16 duros por piloto, para todo o rali, porque aqui há muita areia e gravilha", explicou aquele responsável.
Para a primeira etapa do Rali de Portugal, que vai para a estrada na sexta-feira, Arnaud Remy antevê "dificuldades" na escolha.
"Como o primeiro dia tem muita areia, a maior parte dos pilotos deve optar por pneus médios. À tarde já deverão usar os duros, porque o piso vai ficar bastante mais degradado e, por baixo da gravilha, existe muita pedra. Para além disso, as temperaturas são elevadas", explicou o francês.
O piloto francês Sébastien Ogier (Citroën C3), líder do campeonato e, por isso, o primeiro a sair para a estrada, vai iniciar a prova com pneus médios "para ter mais tração", uma vez que o piso terá mais gravilha, apresentando-se mais escorregadio.
"Ele até é dos que melhor tratam os pneus", revela Arnaud Remy, que aposta na utilização dos médios também no sábado de manhã e no domingo.
"Os médios dão mais tração, mas os duros garantem maior longevidade e segurança contra furos", explicou. Por isso, "será normal se a partir do sexto ou sétimo piloto em pista a opção recair no composto duro", acrescentou.
Além disso, cada piloto pode levar até dois pneus suplentes.
Arnaud Remy explica que as especificidades da prova lusa fazem com que seja "uma das mais complicadas" do campeonato na hora de escolher o tipo de pneumático a utilizar.
"As condições mudam muito da manhã para a tarde e, às vezes, até de especial para especial", diz.
Por outro lado, as próprias características dos troços podem ditar dificuldades adicionais.
"Veja-se o caso do troço de Amarante, no sábado. Apesar de ser o mais longo da prova [tem 37,60 quilómetros], seria dos melhores para os pneus porque o piso é todo arenoso. Mas tem três setores de alcatrão pelo meio que destroem as borrachas", explica.
O diretor desportivo da marca revelou ainda que os pilotos se queixam "de haver poucos pneus duros" à disposição.
O mesmo responsável adiantou que estão a decorrer, atualmente, conversações com a Federação Internacional do Automóvel (FIA) no sentido de se alterarem os regulamentos para permitir a utilização dos três tipos de composto em cada prova, "aumentando o leque de escolha dos pilotos", disse.
Arnaud Remy revelou, ainda, que a Toyota será a marca cujos carros provocam mais desgaste nos pneus, sobressaindo, nesse aspeto, o norueguês Mads Ostberg. Em sentido contrário, a Hyundai é das que mais poupam os pneus, com Sébastien Ogier ou o francês Sébastien Loeb a apresentarem a condução mais amiga das borrachas.
O Rali de Portugal é a sétima prova do Campeonato do Mundo e disputa-se entre sexta-feira e domingo.
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