Este é o ano do ‘10’ para Rafael Nadal e as evidências não deixam negá-lo: autor de uma temporada quase perfeita no pó de tijolo, o rei da terra batida conquistou, em semanas consecutivas, o 10.º título no Masters 1.000 de Monte Carlo e no torneio de Barcelona, tendo sido o primeiro tenista a alcançar o número redondo.
Depois de um 2016 para esquecer, o maiorquino, de 30 anos, puxou dos galões de ‘rei’ da terra batida e prosseguiu a sua marcha triunfal no Masters 1.000 de Madrid, que ganhou pela quinta vez, somando 17 vitórias consecutivas na ‘sua’ superfície, até ser travado nos quartos de final do Masters 1.000 de Roma pelo jovem austríaco Dominic Thiem.
“Nunca ninguém ganhou quatro torneios de preparação antes de Roland Garros e, por isso, a derrota em Roma não me preocupou muito. Sei o que tem funcionado bem nos últimos meses e agora chegou a altura de dar tudo. Roland Garros é o meu último esforço neste processo”, assegurou esta semana Nadal, em entrevista ao jornal ‘El Español’.
A tarefa do recordista destacado de títulos do ‘Grand Slam’ parisiense parece até facilitada pelo estado de forma daqueles que, em teoria e por historial, são os seus principais adversários e pela ausência do seu grande carrasco esta temporada, o suíço Roger Federer, que o derrotou na final do Open da Austrália e do Masters 1.000 de Miami.
Apesar de ser apenas quarto tenista do ‘ranking’, Nadal não deverá ficar muito preocupado em cruzar-se com o número 1, já que o britânico Andy Murray está a atravessar uma ‘crise’ própria de quem já não tem mais nada para aspirar, com resultados bem modestos na terra batida.
“Acontece neste desporto. Manter o mesmo nível de motivação e de concentração durante um longo período é difícil. O final do ano passado foi muito exigente, implicou muita concentração da minha parte para obter um dos meus maiores objetivos”, assumiu em entrevista à AFP, referindo-se à sua chegada ao topo da hierarquia.
Melhor do que Murray está o seu ‘vice’ no ‘ranking’, o sérvio Novak Djokovic. Mas o campeão em título, que nas últimas semanas despediu toda a sua equipa técnica (vai fazer uma parceria temporária com Andre Agassi em Paris) e que desde que completou o ‘Grand Slam’ de carreira em Paris nunca mais foi o mesmo, não vence qualquer torneio desde Doha, nos primeiros dias de 2017, e tem como melhor resultado na temporada da terra batida a final perdida em Roma.
Com Federer de fora, Murray ‘apagado’ e Djokovic em fase experimental, parecem ser os rapazes da ‘nextgen’, com o alemão Alexander Zverev e o austríaco Dominic Thiem à cabeça, os grandes obstáculos de ‘Rafa’ rumo à 10.ª vitória na catedral da terra batida.
Zverev é mesmo o grande ‘outsider’ na lista de candidatos, a par do sempre surpreendente suíço Stanislas Wawrinka, número 3 mundial e vencedor da edição de 2015 do ‘slam’ francês. O talentoso alemão deixou definitivamente para trás o estatuto de promessa com o título em Roma, tendo-se tornado, aos 20 anos e um mês, no mais novo tenista a conquistar um Masters 1.000 desde Novak Djokovic, em abril de 2007.
Com o título e a vitória sobre ‘Djoko’, o 10.º jogador mundial destacou-se no grupo da nova geração, no qual pontifica também Thiem, o austríaco (7.º) que derrotou Nadal nos ‘quartos’ de Roma e que perdeu com o espanhol nas finais de Madrid e Barcelona, e que pode ser outra das surpresas na catedral da terra batida.
Ao contrário do quadro masculino, que conta com os portugueses João Sousa e Gastão Elias, o feminino é uma verdadeira incógnita. Simona Halep, quarta tenista mundial, era a principal candidata, mas uma rutura no ligamento do tornozelo direito pode comprometer as suas aspirações.
Além da romena, há que ter em conta a campeã em título, a espanhola Garbiñe Muguruza, a inconsistente número 1 mundial, a alemã Angelique Kerber, a veterana russa Svetlana Kuznetsova ou a ucraniana Elina Svitolina, campeã em Roma.
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